Saúde pública

Frente parlamentar promove ciclo de debates sobre epilepsia em São Paulo

Preconceito e a falta de políticas públicas impedem que os pacientes acometidos pela doença, que atinge até 2% da população mundial, tenham o direito a uma vida normal

Reprodução/Thinkstock

Epilepsia: descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro provocam convulsões

São Paulo – Conhecida desde a Grécia Antiga, a epilepsia, que acomete cerca de 50 milhões de pessoas no planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),  ainda é uma das doenças mais estigmatizantes. O preconceito, agravado pela falta de ação do Estado, impede que o paciente tenha o atendimento adequado, agravando sua situação de exclusão, seja no ambiente familiar, no trabalho ou na escola. Para pensar políticas públicas que promovam a inclusão dessas pessoas, a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Pessoa com Epilepsia, da Assembleia Legislativa de São Paulo, lança ciclo de palestras sobre o tema. 

Na primeira edição do evento, ocorrida nesta quarta-feira (13), o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), coordenador da frente, destacou a responsabilidade do Estado, que deve garantir o acesso gratuito a medicamentos e tratamentos, além de orientar agentes públicos, de policiais a professores, sobre a melhor maneira de lidar com uma pessoa acometida por uma crise epilética. “As pessoas com epilepsia não têm direitos. O Estado não as trata porque simplesmente não as reconhece. Não existem políticas para essas pessoas, não existem treinamentos para os funcionários públicos. A epilepsia é algo normal, natural e precisa ser tratada como tal.”

A neurologista Laura Guilhoto, responsável pelo ambulatório de epilepsia na infância da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), destacou que ainda hoje as pessoas confundem a epilepsia como um problema mental ou até mesmo paranormal. O fato das pessoas caírem e se debaterem durante uma crise convulsiva acaba contribuindo para a estigmatização e preconceito, que podem ter efeitos ainda mais graves que a própria doença.

A assistente social do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Regina Silvia também alertou para o risco de exclusão por conta do bulliyng que podem sofrer os pacientes com epilepsia nas escolas ou no trabalho. “Elas não tem o direito de serem elas mesmas e isso faz com que elas se escondam, desistam de participar do convívio social e de fazerem uso das suas capacidades.”

Na palestra, também foi lançado o livro Mais Epilepsia na Psicologia (Ed. ADCiência), organizado pelos especialistas Li Li Min e Sueli Adestro, e que traz diferentes enfoques da doença na sociedade e destaca o atendimento prestado por profissionais da área da saúde.

O próximo encontro do Ciclo de Epilepsia ocorrerá em 27 de março, novamente na Assembleia Legislativa. 

 

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