Deficiente

Futuro governador paulista terá ‘fila de problemas’ a resolver na área da saúde

Longa espera por exames e cirurgias, organizações privadas nas administrações de hospitais e acesso popular a medicamentos estão entre principais questões a serem tratadas com urgência

Tânia Rêgo EBC/Reprodução

Relatório do Tribunal de Contas do Município de São Paulo contesta afirmação de Dória quanto ao fim das filas por exames

São Paulo – Em entrevista em que avaliou desafios na área da saúde para o próximo governador de São Paulo, o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Eder Gatti,  citou o atual quadro de déficit de médicos e enfermeiros, a presença de organizações sociais em hospitais que, para ele, precariza ainda mais os serviços, o fechamento de Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e as filas enormes por atendimento na capital paulista, que continuam mesmo após a promessa do ex-prefeito tucano e atual candidato, João Doria.

Sobre este último, Eder lembrou que o agora candidato afirma em sua campanha que vai criar nos municípios paulistas programas como Corujão da Saúde, Doutor Saúde e Remédio Popular, implementados durante sua gestão à frente da prefeitura de São Paulo. No entanto, relata o médico, as propostas do tucano são equivocadas e não dão conta da complexidade da área da saúde em todo o estado e do abandono dos hospitais regionais. 

“Os hospitais regionais, hoje, encontram um déficit de recursos humanos muito grande porque os municípios não estão dando conta da assistência especializada. Não vai dar para resolver isso com carretas e com o Corujão, ele vai precisar estruturar o Mandaqui e o Ipiranga, que são hospitais que dão conta de assistência especializada para regiões inteiras e que estão abandonados”, crítica Gatti. 

À repórter Beatriz Drague Ramos, da Rádio Brasil Atual, o presidente do sindicato acrescentou que a efetividade dos programas implantados pela prefeitura paulistana é questionada por usuários.

A reportagem ouviu o vigia Ricardo Ferreira Guerr, que está há três anos sem tratamento adequado, entre idas e vindas nas filas de prontos socorros e de exames – que em março passado chegaram ao tempo médio de 107 dias de espera, segundo o TCM-SP.  Ele reclama de dores e vive o drama de enfrentar duas filas: uma para consulta com especialista que autorize a cirurgia para retirada de pedra na vesícula e outra, para um exame de diagnóstico de problemas gastrointestinais. “Se você tiver que morrer, você vai morrer e eles não vão fazer nada”, lamenta o vigia.

O também vigia José Carlos Memeu dos Santos, usuário do Hospital Municipal Cidade Tiradentes, também diz se sentir abandonado pelo estado após aguardar mais de seis horas no hospital por atendimento, precisar levar a filha com pneumonia mais de 11 vezes ao mesmo hospital e ter de passar a noite para conseguir atendimento. “Totalmente abandonado pelo poder público e não é só eu”, afirma Santos. “Resumindo, a saúde pública está uma calamidade”.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo informou apenas que o tempo médio de espera entre a solicitação e a realização de exames, em agosto, foi de 40 dias para os exames do Corujão.

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