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População se articula para conseguir a reabertura do Hospital Sorocabana

Fechado desde 2010, hospital está envolvido em disputas judiciais e interesses privados enquanto cerca de 300 mil pessoas ficam sem atendimento

Fábio Arantes/Secom

Em 2009, um ano antes de fechar, o hospital contava com 217 leitos e fazia cerca de 500 partos por mês

São Paulo – Após a anulação do leilão do Hospital Sorocabana, o Comitê de Defesa do Hospital Sorocabana realizará plenária no próximo sábado (1º) para discutir novas ações com o objetivo de garantir a reabertura do hospital. O encontro ocorrerá na sede da subprefeitura da Lapa, a partir das 14h30.

“Estamos convocando uma plenária no auditório do conselho participativo da Lapa. Estamos chamando todas as pessoas que estejam interessadas e que queiram se engajar na luta pela reabertura do Sorocabana, para que participem dessa plenária. Vamos fazer uma avaliação das ações que tivemos até agora e pensar os próximos passos. Queremos mais gente, para ter mais ideias, mais energia e seguir a nossa luta pela reabertura do Sorocabana. Vamos continuar buscando caminhos até a gente conseguir reabrir o hospital”, afirmou Davi Gentilli, um dos membros do Comitê, em entrevista a Rádio Brasil Atual.

Para ele, a anulação do leilão do hospital, anunciada pela juíza do Trabalho Daniela Mori, na última sexta-feira (24), foi uma “vitória parcial” que possibilita ganhar tempo para articular a defesa do Sorocabana. Na decisão, a juíza anunciou ter descoberto, no momento em que fazia a documentação para confirmar o arremate, que parte do terreno pertence ao governo do estado – o qual não havia sido informado sobre o leilão.

O terreno de 14 mil metros quadrados foi avaliado pela Justiça em R$ 40 milhões, valor inferior aos R$ 73 milhões estimados pela prefeitura de São Paulo. Apesar disso, o martelo foi batido no leilão do dia 14 de agosto, em lance único, por R$ 16,3 milhões, como solução para pagar uma dívida trabalhista de R$ 15 mil de um ex-funcionário, deixada pela entidade privada Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabanas (ABHS).

Histórico

A ABHS foi responsável pela administração do hospital de 1955 a 2010, quando encerrou as atividades do Sorocabana por causa de irregularidades com o uso de dinheiro público transferido pelo SUS. Desde 2012, o terreno e o hospital estão cedidos pelo governo do estado, por um período de 20 anos, para a prefeitura de São Paulo. Embora tenha os cinco andares do prédio fechados, atualmente funciona no local uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e uma unidade da Rede Hora Certa.

Em 2009, um ano antes de encerrar os serviços, o Hospital Sorocabana contava com 217 leitos hospitalares e fazia cerca de 500 partos por mês. De acordo com o Comitê de Defesa do Hospital Sorocabana, o hospital era considerado uma referência na zona oeste, atendendo à população da Lapa e bairros vizinhos, como Vila Romana, Pompeia, Alto da Lapa, Lapa de Baixo, Vila Anastácio, São Domingos, Jaguaré e Pirituba, entre outros. Com o fechamento em 2010, estima-se que cerca de 300 mil habitantes da região estejam sem atendimento de um hospital público.

O início da gestão João Doria/Bruno Covas na prefeitura de São Paulo, em 2017, também não colaborou para uma solução que permitisse a reabertura do hospital. Pelo contrário. As ideias de privatização do então prefeito Doria trouxeram ainda mais insegurança para a população que ainda deseja ver o Sorocabana aberto e público.

Em maio deste ano, durante audiência pública realizada pela prefeitura de São Paulo, a comunidade da região da Lapa se posicionou contra a possibilidade da concessão do hospital em “parceria público-privada”. O modelo de gestão da antiga Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabanas (ABHS), assim como o atual modelo baseado nas Organizações Sociais de Saúde (OSS) foi rechaçado.

Gestão pública x gestão privada

Não à toa, na última terça-feira (28), integrantes do Comitê de Defesa do Hospital Sorocabana estiveram na Assembleia Legislativa para entregar aos deputados que participavam da CPI das OSS uma série de documentos sobre a situação do hospital.

Após o ato, o deputado Carlos Neder (PT) encaminhou ofício ao presidente da CPI das OSS, deputado Edmir Chedid (DEM), sugerindo que o governo do estado proponha um projeto de lei que transfira, definitivamente, a cessão do Hospital Sorocabana à prefeitura de São Paulo. Segundo Neder, dessa forma caberá ao município mantê-lo como hospital geral do SUS na região oeste da capital paulista, atendendo também municípios vizinhos.

“A solicitação em apreço está relacionada ao objeto dessa CPI das OSS na medida em que o imóvel hoje abriga a AMA Sorocabana e a Rede Hora Certa Lapa, ambas sob gestão de Organizações Sociais de Saúde”, justifica o ofício.

Assista o vídeo do ato realizado dia 27:

 

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