Entidades querem agenda com Temer para tratar de mudanças na rotulagem
Para defender empresários, presidente criticou a proposta de mudanças no rótulo que facilita identificação de produtos ricos em gorduras, sal e açúcar – ingredientes que, em excesso, causam doenças
Publicado 02/08/2018 - 15h05
São Paulo – A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável quer uma audiência com Michel Temer para apresentar argumentos embasados cientificamente em defesa da reformulação da rotulagem nutricional de alimentos. Ontem (1º), entidades que compõem a coalizão, entre as quais o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Associação Brasileira de Nutricionistas (Asbran), enviaram ofício ao Palácio do Planalto.
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O pedido de audiência foi motivado pelas críticas feitas por Temer à proposta de rotulagem de alimentos industrializados com alertas visíveis sobre as altas concentrações de gorduras, açúcar e sal. O comentário, que agradou em cheio os fabricantes do setor, foi feito em almoço com empresários na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), nesta segunda-feira (30).
A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) é contrária à proposta. Para a entidade, a sinalização que facilitaria a identificação pelos consumidores, com triângulos pretos trazendo as informações na parte frontal da embalagem, traria prejuízos.
Para a Aliança, os dados apresentados pelo presidente da Abia, Wilson Mello, são incompletos, infundados, tendenciosos e não refletem o acúmulo das discussões que vêm sendo feitas desde 2014, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária iniciou o processo de revisão da rotulagem nutricional. De acordo com a Aliança, o processo tem sido conduzido de maneira transparente e democrática, com diálogo entre as partes envolvidas, incluindo entidades, cientistas e representantes dos fabricantes.
A atual rotulagem nutricional de alimentos dificulta o acesso à informação e a compreensão sobre questões que deveriam ser consideradas na hora da compra e também na escolha dos alimentos com ingredientes saudáveis.
A Aliança tem diversas campanhas para pressionar a indústria a melhorar a qualidade nutricional dos alimentos que produz. Entre elas, o fim dos incentivos fiscais à indústria de refrigerantes.