política pública

Atenção básica reduz mortalidade infantil na periferia de São Paulo

Em Cidade Tiradentes, na zona leste da capital, programa da prefeitura fez cair taxa mortalidade de crianças com menos de 1 ano de 17,9% a cada mil nascidos vivos, em 2012, para 13,2% em 2015

Facebook Ana Estela Haddad/ Reprodução

Visita domiciliar é estratégia do programa São Paulo Carinhosa para garantir atendimento de saúde

São Paulo – A mortalidade na cidade de São Paulo vem caindo ano a ano, desde 2012, sobretudo nos distritos mais pobres da capital paulista, indicam dados apresentados hoje (30) em um seminário sobre a política de visitas domiciliares do programa São Paulo Carinhosa, que promove atendimento integral a crianças do município nos cinco primeiros anos de vida. Há quatro anos, a taxa de mortalidade infantil na cidade era de 11,41%. Em 2015, no entanto, ela caiu para 10,8%, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. O índice calcula a quantidade de crianças que morreram antes de completar um ano, entre mil nascidos vivos.

O distrito onde houve a maior redução é Cidade Tiradentes, na zona leste, que concentrava a maior mortalidade de crianças da cidade: a taxa passou de 17,9% em 2012 para 13,2% em 2015.  Em Cidade Tiradentes não houve nenhuma morte de gestantes em decorrência de problemas de saúde não diagnosticados e não tratados na gravidez tanto em 2014 como em 2015.

“A queda na mortalidade infantil reflete que aquela população teve uma melhor qualidade de vida”, disse a secretária adjunta de Saúde, Célia Cristina Bortoletto, durante o seminário, realizado na sede da prefeitura. “Em Cidade Tiradentes são quase cinco crianças que estamos ganhando a cada mil. O mais importante é saber que as pessoas que moram naquele lugar de tanta vulnerabilidade estão hoje com uma melhor qualidade de vida.”

A melhora nos índices é atribuída, entre outras ações, ao programa São Paulo Carinhoso. Ao todo, 63.769 famílias de 10 territórios com piores indicadores de educação e saúde recebem regularmente visitas de agentes de saúde capacitados para identificar e reconhecer problemas em crianças ainda na primeira infância. “O São Paulo Carinhosa foi inspirado no programa Brasil Carinhoso, do governo federal, mas fazendo uma releitura para o que é atribuição do município. Ele congrega 14 secretarias, cada uma pensando como incluir a criança em sua agenda”, disse a primeira-dama do município, Ana Estela Haddad, durante o seminário.

“É uma forma de empoderar as famílias, principalmente as com maior vulnerabilidade social. Às vezes a mãe é usuária de drogas, é adolescente, está sem o companheiro ou a criança teve problemas desde a gestação e apresenta problemas de saúde mais graves. Essa mãe precisa de uma rede social de apoio para que possa cuidar bem e fazer bom vínculo com criança e fazer com ela seja promotora do desenvolvimento infantil de forma integral”, afirmou Ana Estela, que é coordenadora do São Paulo Carinhosa.

Para a realização do programa, a Secretaria de Saúde recebe um aporte de R$ 8 milhões do Ministério de Saúde, que se estenderá até 2018. A prefeitura não soube informar, no entanto, se a gestão do prefeito eleito João Dória dará continuidade às ações a partir do ano que vem. De acordo com a pasta, o São Paulo Carinhosa está na lista de programas prioritários que serão apresentados à equipe de transição.

“Quando o São Paulo Carinhosa foi criada por decreto criamos também uma unidade orçamentária específica para o programa, que na maioria dos casos trabalhou com recursos das próprias secretarias”, disse Ana Estela. “São diversas outras ações além da saúde. O Circuito São Paulo de Cultura, por exemplo, passou a ter programação para crianças. Você vê as famílias de todas as classes sociais interagindo e participando. A alimentação escolar também mudou: se estabeleceu uma articulação com agricultores familiares e a prefeitura passou a adquirir alimentos deles para a merenda, além de reduzir o teor de açúcar e gordura.”

A coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento do Ministério da Saúde, Thereza Delamare, afirmou que “haverá uma importância grande junto à nova gestão para que o programa continue”. Segundo Thereza, a experiência de São Paulo deve ser agregada ao programa Criança Feliz, lançado em outubro e coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, com o objetivo de ampliar a rede de proteção social para a primeira infância.

“A proposta do programa federal é começar pelos municípios e estados que já tem iniciativas de visita domiciliar. Acredito que São Paulo pode agregar bastante, especialmente apoiando o Ministério da Saúde na orientação dos profissionais”, disse. “Conseguimos reduzir muito a mortalidade infantil no país nos últimos anos, agora é preciso criar condições para que essas crianças alcancem todo seu potencial, Já saímos um pouco das situações mais graves e agora o desafio é garantir que nossas crianças possam ter seu pleno desenvolvimento.”

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