em greve

Em assembleia, médicos residentes decidem processar Alckmin por não pagar reajuste

Governo paulista deve, desde março, reajuste de R$ 354,17 para metade da categoria. São Paulo é o único estado a não reajustar bolsa. Paralisação atinge pelo menos 12 hospitais

SIMESP/DIVULGAÇÃO

Mais de 500 médicos residentes foram para a porta do Palácio dos Bandeirantes na última quinta-feira (24)

São Paulo – Em assembleia realizada na tarde de hoje (29), médicos residentes de hospitais do estado de São Paulo decidiram entrar com uma ação judicial coletiva contra o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) pelo não pagamento do reajuste de R$ 354,17 para a categoria, que deveria ser pago em março. Ao todo, 6.600 dos pelo menos 13 mil médicos residentes do estado não receberam o reajuste. Como resposta, eles iniciaram, no último dia 10, uma greve que já mobiliza pelo menos 12 hospitais estaduais.

O reajuste que deveria ser pago, equivalente a 11,91%, foi conquistado em uma greve nacional dos residentes, realizada em dezembro de 2015. Desde março todos os estados, com exceção de São Paulo, aplicaram o reajuste, elevando o valor da bolsa de R$ 2.976,26 para R$ 3.330,43. No município de São Paulo o valor também foi reajustado. Os médicos calculam que seriam necessários R$ 28 milhões para pagar os meses atrasados e garantir o reajuste a partir de dezembro.

Representantes da categoria participaram hoje de audiência pública na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, para convencer deputados a incluir o reajuste no orçamento estadual do próximo ano. Um grupo foi recebido pelo colégio de líderes da Casa. Os parlamentares se comprometeram a pressionar pela inclusão do reajuste no orçamento, que será votado em meados de dezembro. O relator, deputado João Caramez (PSDB), afirmou que “teremos uma decisão favorável a reivindicação de vocês”. “Alguns estados estão quebrados e São Paulo tem se mantido em dia com as finanças. Esses R$ 28 milhões não deixarão o estado mais pobre”, disse.

Foram convidados para a audiência de hoje o secretário estadual da Saúde, David Uip, e um representante da Casa Civil. Nenhum deles compareceu. “Faz nove meses que tentamos uma conversa com Alckmin e Uip e não conseguimos”, disse a presidenta da Associação de Médicos do Hospital das Clínicas (HC) e residente no Hospital do Câncer, Katia Regina Marchetti. “O principal responsável pelo não pagamento do reajuste é o Geraldo Alckmin”, frisou o residente em Psiquiatria do HC Rafael dos Santos.

“A greve é legítima e nós, deputados, devemos apoiá-los”, disse o deputado Carlos Neder (PT). “Se os médicos residentes são tratados com esse desprezo e descaso, toda a população também é. Todos os partidos precisam apoiar essa causa”, afirmou a deputada Leci Brandão (PCdoB).

Entre os hospitais em greve estão o HC de São Paulo e de Ribeirão Preto, o Pérola Byington, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, o Hospital da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) em Botucatu, o Hospital da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

A Associação de Médicos Residentes da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Ameru) calcula que até ontem (28) foram canceladas 100 consultas em clinica médica por semana e 270 em otorrinolaringologia. Foram reagendados 465 pacientes de oftalmologia, 150 de oncologia e 120 de medicina nuclear.

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