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Ministro da Saúde sinaliza com o fim do programa Mais Médicos

Sem estipular prazos, Ricardo Barros afirmou que a contratação de médicos é prerrogativa dos municípios e que carreira de Estado para esses profissionais feriria o pacto federativo

Luciano Lanes/PMPA

Segundo o próprio ministro, são 2.500 municípios no país que só contam com médicos do Mais Médicos

São Paulo – O ministro da Saúde do governo interino, Ricardo Barros, afirmou ontem (21) que o programa Mais Médicos é provisório. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele disse que a contratação de médicos cabe aos municípios, e não ao governo federal. “São eles que deveriam contratar os médicos. Mas temos 2.500 municípios que só têm médicos do Mais Médicos”, afirmou Barros, que não determinou prazo para o fim do programa.

Segundo a reportagem, a declaração contraria posição do governo Dilma Rousseff, que pretendia estender o programa para até depois de 2026, quando estariam concluídas as metas para formação de novos profissionais.

“Por que vou ter um contingente de médicos no governo federal se não é minha responsabilidade e se o sistema de saúde é descentralizado?”, questionou o ministro, para quem a dificuldade para atração de médicos para áreas no interior do país se deve a norma constitucional que impede que funcionários públicos municipais – os médicos, no caso – recebam remuneração superior à do respectivo prefeito. “Há cidades pequenas em que o prefeito ganha R$ 3.000 ou 4.000. O médico não trabalha por isso.”

O ministro diz esperar que os profissionais cubanos que atuam no Mais Médicos sejam substituídos por brasileiros e que convidou o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira – está última sempre se posicionou contrariamente ao programa – para prepararem um edital com novas medidas que incentivem os brasileiros a ocupar vagas em cidades mais distantes, onde hoje a maioria é de cubanos.

Dos 18.240 profissionais que atuam no Mais Médicos, 11.429 são cubanos, e cerca de 20% deles devem ser substituídos em novembro.