crise hídrica

Dengue: um terço dos focos está em recipientes para armazenar água em SP

Até fevereiro do ano passado, era nos pratos das plantas e pingadeiras que a prefeitura encontrava mais larvas do mosquito

Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

A região com mais casos de dengue é a zona leste, sobretudo nos bairros de Lajeado e Penha

São Paulo – Pelo menos um terço dos recipientes onde a prefeitura de São Paulo encontrou larvas do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, são usados para armazenar água durante a crise hídrica, sobretudo nas periferias da cidade. Os dados, que já se mostravam uma tendência desde outubro do ano passado, foram comprovados pelo secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista coletiva na tarde de hoje (14).

Os agentes de combate à dengue da prefeitura monitoraram, em fevereiro, 43.725 imóveis na cidade, onde foram verificados 11.968 recipientes com água. Foram encontradas larvas do mosquito em 318 deles, sendo que 69 (21,7% do total) eram depósitos de água não elevados e não ligados à rede, e 34 (10,7%) eram baldes e regadores – ambas alternativas para armazenar água durante a crise hídrica, segundo Padilha.

Até fevereiro do ano passado, o principal foco de dengue nas residências eram os pratos das plantas e pingadeiras. Em fevereiro deste ano, esse foco caiu para quarto lugar, ficando atrás também de caixas d’água destampadas.

“O principal foco larvário hoje são utensílios usados para reservar água no período de interrupção do serviço”, disse Padilha. “A falta de oferta de água, sobretudo nas periferias, tem impacto sobre a propagação do mosquito.”

O secretário negou-se a comentar a afirmação feita pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no último dia 7, afirmando que a “questão da água está resolvida” devido ao fato de os reservatórios Cantareira e Alto Tietê terem chegado a 60% e 40% da capacidade, respectivamente. “Eu não posso responder isso. Digo que um terço dos focos de larvas são devidos à falta de água”, afirmou o secretário.

Aparente queda

Apesar de 2016 ter começado com um número maior de casos confirmados de dengue na comparação com o ano passado, o aumento entre as quinta e sexta semanas foram menores neste ano. Em 2015, o total de casos confirmados saltou de 334 na quarta semana para 715 na quinta e 855 na sexta. Neste ano foram 295 casos na quarta semana, 401 casos na quinta e 506 na sexta.

“No entanto, ainda estamos no período pré-epidêmico, que começa em março. Temos que continuar observando nas próximas semanas”, ressaltou Padilha. “A tendência mostra que é possível reduzir, mas precisamos continuar trabalhando.” Atualmente, 34 pessoas estão internadas na cidade tratando dengue.

A região com mais casos de dengue é a zona leste, sobretudo nos distritos de Lajeado (159 casos) e Penha (109). Na sequência aparecem Sacomã (na zona sudeste, com 52 casos), Itaquera (na zona leste, com 46), Jardim São Luiz (na sul, com 45 casos), Arthur Alvim (também na leste, com 41), Cangaíba (na zona leste) e Campo Limpo (na zona sul) ambos com 38 casos e Cidade Ademar ( na zona sul, com 37).

Até o momento foram atendidos e notificados 641 casos de chikungunya no município de São Paulo, sendo que quatro foram transmitidos dentro do município de São Paulo. Sobre zika, foram notificados 11 casos na cidade, com um caso de contaminação dentro do município.

Entre outubro de 2015 e março de 2016 foram registrados no município 46 casos de microcefalia, sendo que em seis deles já foi comprovada a relação com o zika vírus. Outros 21 casos ainda estão em investigação e em 19 a relação com a doença foi descartada.

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