estratégia de guerra

‘Jogar mosquito transgênico nos ecossistemas não resolve casos de zika e dengue’

Pesquisadora Silvia Ribeiro diz que parte dos cientistas é cética com relação à modificação genética de insetos

reprodução

Silvia diz que o Aedes aegypti não é o único transmissor da dengue e de outras doenças

São Paulo – A produção de mosquitos transgênicos para combater a proliferação de algumas doenças como a dengue a a zika, a exemplo dos experimentos feitos pela empresa britânica Oxitec, não demonstram evidências de redução da dengue e do zika vírus, segundo afirmou a pesquisadora Silvia Ribeiro ao IHU On-Line, do Instituto Humanitas Unisinos.

A pesquisadora defende que em relação aos mosquitos transgênicos, existe muita propaganda superficial, sem conteúdo sério. “Parece haver bastante dinheiro de empresas de biotecnologia, entre outras instituições, para pagar por esta propaganda, como por exemplo, a Fundação Bill e Melinda Gates”, diz.

Ela diz que parte dos cientistas e pesquisadores é cética com relação à modificação genética de insetos. “Pelo papel onipresente de jogar os insetos nos ecossistemas, assim como a modificação genética de animais, como o salmão transgênico, que se pretende agora introduzir no Brasil.”

Coordenadora de programas do Grupo ETC, grupo de pesquisa sobre novas tecnologias e comunidades rurais, com sede no México, Silvia diz que o Aedes aegypti não é o único transmissor da dengue e de outras doenças. Segundo ela, seu deslocamento poderia favorecer a entrada do Aedes albopictus, um mosquito rival, mais difícil de combater: “O vírus também poderia fazer mutação para conseguir outras formas de infecção”.

De acordo com a pesquisadora, se ficar comprovado, tal como já anunciaram pesquisadores da Fiocruz, que também o mosquito comum (Culex) pode transmitir o vírus da zika, todo o trabalho da Oxitec “cai pelo peso de sua própria inutilidade, mostrando a ineficiência desta estratégia de ‘guerra’ a uma espécie”.

Na avaliação de Silvia, a melhor maneira de conter a proliferação de dengue e zika é buscar um enfoque amplo para tratar o tema das doenças de forma participativa, preventiva e fundamentada na atenção primária à saúde, juntamente às comunidades – de bairros, da zona rural e incluindo epidemiologistas e outros profissionais críticos no diagnóstico e na discussão de medidas a tomar: “É o melhor e quem sabe o único realmente efetivo”.

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