planejamento familiar

Prefeitura de São Paulo vai oferecer implante contraceptivo na rede pública de saúde

Proposta busca facilitar prevenção da gravidez para mulheres em situação de vulnerabilidade social, como usuárias de drogas, adolescentes ou que vivam nas ruas

Edson Hatakeyama/Secom

Padilha defendeu método como o mais eficaz para quem tem dificuldade com uso de comprimidos diários

São Paulo – A prefeitura de São Paulo vai oferecer na rede pública de saúde implante contraceptivo de longa duração (Implanon) para mulheres em situação de vulnerabilidade social que não desejam engravidar. A Secretaria Municipal da Saúde informou que serão disponibilizados, inicialmente, mil implantes intradérmicos – para aplicação sob a pele. O foco inicial do programa são mães adolescentes, usuárias de drogas, mulheres HIV positivo e em situação de rua, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde.

“Haverá um processo de divulgação interna entre os profissionais da rede municipal de saúde, especialmente os que trabalham com essas populações vulneráveis (De Braços Abertos, Consultório na Rua, Serviço de Atendimento Especializado, CAPS AD e Atenção Básica), para que possam garantir o acesso ao implante às mulheres interessadas”, explicou Adalberto Kiochi Aguemi, coordenador da Área da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde.

A própria mulher poderá expressar seu desejo e opção por esse método e dirigir-se à Unidade Básica de Saúde (UBS) ou maternidade de referência para a colocação do implante, desde que se enquadre no público-alvo do programa. “Esse método contraceptivo é muito eficaz para mulheres que têm dificuldade de fazer uso contínuo de outros métodos”, afirmou o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha, durante anuncio do programa, na manhã de hoje (12).

O Implanon é aplicado com anestesia local e a mulher pode retomar as atividades cotidianas no mesmo dia. Tem efeito por até três anos e eficácia de 99,9%, podendo ser interrompido a qualquer momento, sem prejuízos à fertilidade da mulher. Ainda serão definidas as UBSs e maternidades que vão realizar o atendimento, pois o mesmo depende de capacitação para aplicação do implante. No mês de março, os profissionais da saúde receberão treinamento e o atendimento começa ainda no primeiro trimestre deste ano.

O projeto piloto realizado no Hospital Municipal e Maternidade Escola Doutor Mario de Moraes Altenfelder Silva (Maternidade Cachoeirinha) atendeu a 120 mulheres e não houve nenhuma intercorrência. Agora serão até mil atendimentos. Segundo Aguemi, “havendo uma boa adesão e procura por parte dos profissionais e dessas mulheres vulneráveis, existe uma abertura para ampliação do projeto, após avaliação dos resultados obtidos”.

Segundo a secretaria, no Brasil ocorre cerca de 1,8 milhão de gravidezes não planejadas anualmente, o que resulta em um gasto na saúde de até R$ 4,1 bilhões. A literatura médica indica que entre 25% e 50% das jovens mães que tiveram uma gravidez não planejada têm outro filho em até dois anos.

Levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça, revelou que 22,8% das mulheres usuárias de crack engravidaram duas a três vezes desde que iniciaram o uso da droga. Outras 17,3% engravidaram pelo menos uma vez e 6,5% engravidaram quatro vezes ou mais desde o início do consumo. O achado da pesquisa é considerado preocupante devido às consequências do consumo do crack durante a gestação sobre o desenvolvimento neurológico das crianças.

A prefeitura está estimando economia de até R$ 646 mil, apenas com gastos diretos hospitalares, para cada mil implantes inseridos, considerando o custo estimado de uma gestação não planejada de R$ 2.293. Esse valor considera apenas gastos com assistência hospitalar relacionados ao parto, nascimento e às complicações.

Leia também

Últimas notícias