Epidemia

Pesquisadores da Fiocruz encontram zika ativo na urina e na saliva

A partir de agora, o esforço da instituição vinculada ao Ministério da Saúde é para desvendar detalhes do contágio por essas vias

Divulgação/IOC/Fiocruz

Pesquisador observa danos às células causados pelo vírus zika em atividade

São Paulo – A Fundação Oswaldo Cruz, vinculada ao Ministério da Sáude, divulgou hoje (5) que seus pesquisadores encontraram o vírus zika ativo – com potencial de causar infecção – em amostras de saliva e de urina. O achado, inédito, sugere a necessidade de estudos sobre o papel dessas vias alternativas de transmissão do vírus. As pesquisas foram desenvolvidas no Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Liderados pela pesquisadora Myrna Bonaldo, chefe do laboratório, em colaboração com a infectologista Patrícia Brasil, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), os pesquisadores analisaram amostras de dois pacientes, retiradas durante a manifestação dos sintomas compatíveis com o vírus.

A presença do material genético do vírus zika foi confirmada pela técnica de RT-PCR em Tempo Real. Também foi realizado o sequenciamento parcial do genoma do vírus. A presença dos vírus da dengue e da chikungunya foi descartada.

Segundo os pesquisadores, já havia a desconfiança de que o vírus poderia estar presente em urina e na saliva, mas faltava demonstrar a presença da infecção – o que abre novos paradigmas para o entendimento do caminho de transmissão do vírus zika.

Após a comprovação do potencial de transmissão por via de saliva e de urina, os pesquisadores vão agora investigar o papel dessas vias de transmissão. “A primeira medida é sempre a da cautela. O que sabemos hoje é que o vírus zika costuma apresentar quadro clínico brando, com maior preocupação em relação às gestantes por conta dos casos de microcefalia que têm sido acompanhados”, afirmou o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.

De acordo com ele, é preciso mais cautela agora com medidas de prevenção já conhecidas para outras doenças, especialmente no caso do contato com as gestantes. “Estamos empenhados em gerar evidências sobre o vírus zika e vamos compartilhar essas evidências conforme avançarmos no conhecimento sobre o tema”.

A Fiocruz alerta que, com base nos conhecimentos disponíveis até o momento, as medidas de controle do vetor Aedes aegypti continuam sendo centrais. É fundamental a vigilância ao agente transmissor.

Em novembro de 2015, o Instituto Oswaldo Cruz concluiu diagnósticos laboratoriais que constataram a presença do genoma do vírus zika em amostras de líquido amniótico de duas gestantes do estado da Paraíba, cujos fetos tinham microcefalia detectada por meio de exames de ultrassom.  Os resultados foram relevantes para orientar as investigações em andamento e a reforçar a suspeita de correlação entre o vírus e a microcefalia.

No mês passado, a Fiocruz anunciou a criação do Kit NAT Discriminatório para Dengue, Zika e Chikungunya, que permite mais agilidade para os testes na rede de laboratórios do Ministério da Saúde. Mais econômicos, substituem os importados. Outro trabalho de relevância da Fiocruz foi a confirmação, também em janeiro, da transmissão do vírus pela placenta. Nesse caso, a pesquisa foi feita em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

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