Lancet

Brasil é considerado referência mundial em amamentação por publicação médica britânica

País melhorou percentual de crianças amamentadas, período médio de aleitamento, regulação de fórmulas industrializadas e tem o maior banco de leite do mundo

Folhapress

Amamentação por 12 meses ou mais poderia salvar a vida de 800 mil bebês anualmente no mundo

São Paulo – A revista médica britânica Lancet destacou o Brasil como referência mundial em aleitamento materno, por políticas de incentivo à prática e regulação da comercialização de fórmulas industrializadas para substituição do leite das mães. A publicação cruzou dados de 1.300 estudos de 159 países. Segundo os pesquisadores, apenas 2% das crianças até seis meses de idade recebiam leite materno exclusivamente no país em 1986. Em 2008, essa taxa saltou para 41%. Além disso, a média de tempo de amamentação era de dois meses e meio em 1974. Em 2006, a média subiu para 14 meses.

A publicação destacou a regulamentação da Lei nº 11.265 – chamada “lei da amamentação” –, em novembro do ano passado, que limitou a comercialização de substitutos do leite materno e sistematizou a certificação dos hospitais “Amigos da Criança”, assegurando padrões de qualidade e treinamento dos profissionais de saúde para incentivar o aleitamento.

E também a rede brasileira de bancos de leite humano, a maior do mundo, da qual fazem parte 218 hospitais e 161 postos de coleta distribuídos em todos os estados. O modelo brasileiro já foi exportado para 25 países da América Latina, da África e da Europa. A mesma publicação já havia anunciado, em outubro de 2015, que a redução da mortalidade infantil no Brasil foi 20% maior do que a média mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a pesquisa, a taxa de aleitamento materno no Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) é de apenas 1% das crianças. Na Irlanda e na Dinamarca, de 2% e 3%, respectivamente. Nos países ricos, apenas uma em cada cinco crianças é amamentada até os 12 meses. Já nos países pobres, o índice é de uma em cada três.

O estudo concluiu que a amamentação prolongada – período de 12 meses ou mais – poderia salvar a vida de, pelo menos, 800 mil bebês anualmente em todo o mundo, o equivalente a 13% de todas as mortes de crianças com menos de dois anos. “Nos países ricos, a amamentação reduz em mais de um terço a morte súbita do lactente. Em países pobres ou de renda média, cerca de metade das epidemias de diarreia e um terço das infecções respiratórias poderiam ser evitadas graças ao aleitamento materno”, afirmam os pesquisadores.

Com a amamentação, os bebês são protegidos de infecções, diarreias e alergias e têm diminuído o risco de desenvolver doenças como hipertensão, obesidade, diabetes e colesterol. O estudo aponta ainda que adultos que foram amamentados por mais tempo têm melhor desenvolvimento intelectual.

As mães também seriam beneficiadas pela prática. O estudo estima que 20 mil mortes por câncer de mama poderiam ser evitadas anualmente, já que a amamentação diminui o risco desta doença em 6%. E também contribui para evitar o desenvolvimento de câncer nos ovários. Além de auxiliar na recuperação pós-parto.