em São Paulo

Manifestantes voltam a pedir a saída de Valencius da coordenação de Saúde Mental

Segundo os profissionais de saúde mental, com Valencius, que já foi diretor do maior hospital psiquiátrico particular da América Latina, luta antimanicomial não avança

reprodução/TVT

No Brasil, ainda existem 30 mil leitos em hospitais psiquiátricos

São Paulo – Psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e usuários dos serviços de saúde mental do SUS ocuparam ontem (18) o vão livre do Masp, na Avenida Paulista, para reafirmarem que saúde mental não se trata com internação. Eles protestaram contra a nomeação do coordenador nacional da saúde mental, Valencius Wurch Duarte Filho, e temem retrocessos na luta antimanicomial.

“Valencius é ex-diretores do Paracambi, manicômio no Rio de Janeiro onde havia diversas torturas, onde muitos pacientes morreram. A gente não acredita que um ex-diretor de manicômio possa assumir um cargo a favor de um serviço substitutivo” afirma Marília Fernandez, que integra o Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, em entrevista à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT.

A rede de serviços substitutivos integrada ao SUS, defendida pelos manifestantes, é composta por serviços que garantem integração social das pessoas que sofrem transtornos mentais, como o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e as residências terapêuticas. No Brasil ainda existem 30 mil leitos em hospitais psiquiátricos.

Ao contrário dos manicômios, nas residências os pacientes cuidam das tarefas domésticas, têm liberdade pra sair, fazer compras, passear e viajar.

Júlio Bonifácio Correia, que mora em uma das seis residências de São Bernardo do Campo, no ABC, passou por diversos hospitais psiquiátricos e não guarda boas lembranças desses tempos: “Muito sacrifício. Ficava preso e tomava remédio forte. Aqui é mais liberdade.” A monitora da residência, Maria Aparecida Nardini da Silva, conta que um dos objetivos é a ressocialização. “Aqui a gente trata eles como sujeitos, de forma mais humanizada.”

Outro exemplo de atendimento da rede de saúde mental é o Centro de Atenção Psicossocial (Caps). O serviço oferece atendimento psicológico, terapêutico, médico, além de atividades esportivas e culturais.

“Aqui no Caps a gente crê, acredita e luta por um tratamento que tem um outro viés. A ente entende que não é saudável a pessoa ficar internada, longe daquilo em que ela participava, que já fazia parte da vida dela”, afirma a assistente social Magda Pereira. “Dentro de um manicômio você só sai se um enfermeiro abrir a porta. Aqui eu me sinto muito bem. É uma família”, conta Luciana Lima, uma das usuária do Caps.

 


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