Dia mundial de luta

‘Quadro nacional da aids está controlado e equilibrado’, afirma Ministério da Saúde

Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde diz que país avança nos tratamentos, mas ressalta necessidade de informação e cuidados preventivos

Adair Gomes/Imprensa MG

Segundo o ministério, desde 2011 a camisinha deixou de ser o único método de prevenção da aids

São Paulo – O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, em entrevista à Rádio Brasil Atual hoje (1º), Dia Mundial de Luta Contra a Aids, faz uma análise sobre a síndrome e sobre as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) no Brasil. Segundo ele, o quadro nacional está controlado e equilibrado, e o país está progredindo no desenvolvimento de alternativas de prevenção à doença.

Qual é o cenário atual da aids no Brasil?

O quadro nacional está sob controle. Nós apresentamos dados que mostram que há uma diminuição de casos reportados, algo inédito nos últimos 12 anos. Porém, esse equilíbrio nacional não deixa claro se há focos de epidemias em locais do país. Há locais que os casos sobem, e outros em que descem, o que gera um equilíbrio. Mas em alguns estados como Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro, há uma epidemia aquecida.

Temos alguns segmentos da população que possuem vulnerabilidade. Se na população geral temos um risco de 0,4 de infecção, para profissionais do sexo, homossexuais, dependentes de drogas há risco de 12 a 24 vezes maior do que a média do país.

Há um fenômeno global que tem impacto no Brasil que chama a nossa atenção: o crescimento de aids entre os jovens de 15 a 20 anos. Isso está associado ao fenômeno geracional, de uma parcela da população que não viveu o drama da epidemia de aids na década de 80.

Vemos a juventude com essa taxa de crescimento, e temos os idosos também com uma ocorrência maior da doença. Como o ministério trabalha para conscientizar esses dois extremos?

Esse fenômeno das pessoas de maior idade foi algo expressivo até 2006, mas não se mostrou tão intenso quanto a juventude. Embora os estimulantes sexuais tenham um impacto significativo, neste momento, não é algo expressivo.

Houve mudanças em alguns aspectos que apareciam durante a virada do século, como o aumento de casos de mulheres com a doença, que chegou a quase empatar com os homens, mas, agora, voltamos a ter dois homens para cada mulher com a doença.

Não quer dizer que outros segmentos da população estão livres da doença, já que a aids pode contaminar qualquer pessoa ativa sexualmente. É necessário se prevenir. Durante muitos anos, vimos a camisinha como a única opção de prevenção, mas isso foi até 2011. Nos últimos cinco anos, tivemos novidade nessa área, existindo a prevenção combinada, pois tem o medicamento antirretroviral.

Como isso funciona?

São três alternativas que utilizamos. Uma chama-se “tratamento como prevenção”, que foi instituída no Brasil desde 2013. A gente descobriu que na pessoa que tem o vírus circulando, o HIV vai se multiplicando, e ao se introduzir o medicamento, para de se multiplicar e se recolhe, até seis meses depois do tratamento, o vírus fica indetectável. Portanto, essas pessoas que têm o HIV, mas tomam o medicamento, não têm como transmitir a doença. Isso é uma das primeiras estratégias do uso do medicamento.

A segunda medida é a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). A PEP é o uso do medicamento após o acidente, idealmente nas primeiras duas horas, mas você tem até 72 horas para iniciar o tratamento. O tratamento é por 28 dias, o que não permite ao vírus se replicar.

Esse tratamento começou a ser utilizado por médicos e enfermeiros que lidam com pacientes que possuem a doença. Em 2010, o tratamento começou a ser utilizado para pessoas que foram violentadas sexualmente, e em 2015, unificamos a PEP para qualquer tipo de acidente, sexual, profissional ou violência sexual.

A terceira alternativa é o medicamento antes da relação sexual, a Prep, mas ainda é uma novidade que no Brasil está em fase de estudo. Estamos estudando como a população aceita isso, e como isso irá funcionar no Sistema Único de Saúde (SUS).

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