Contra o câncer

Governo federal libera R$ 2 milhões para pesquisas com fosfoetanolamina

Laboratórios ligados a universidades públicas vão fazer testes pré-clínicos, com animais, com duração de pelo menos sete meses

Arquivo/MCTI

A segurança e eficácia da substância desenvolvida na USP de São Carlos será estudada outros laboratórios

São Paulo – O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) vai liberar R$ 2 milhões para pesquisas sobre a eficácia e segurança da fosfoetanolamina. Os testes pré-clínicos, que serão feitos por três laboratórios credenciados meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), devem durar ao menos sete meses. A liberação dos recursos foi assinada ontem (25) pelo ministro Celso Pansera.

“Queremos mostrar para a população brasileira, principalmente as famílias que possuem doentes, é que o ministério está agindo com rigor, mas também com muita agilidade, porque existe uma comoção nacional, existe um anseio das famílias por uma resposta do governo em relação à questão do tratamento do câncer”, afirmou Pansera após assinar o documento.

O ministério escolheu o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), de Florianópolis (SC), ligado ao governo de Santa Catarina. Coordenado pelo pesquisador brasileiro e professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) João B. Calixto, o centro é financiado com recursos da agência estadual de amparo à pesquisa (Fapesc) e Financiadora de Estudos e Projetos do MCTI (Finep).

O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), de Fortaleza, ligado à Universidade Federal do Ceará (UFC) é um complexo com 20 laboratórios de Farmacologia e Toxicologia pré-clínica, ambulatórios, biotério e outras instalações que receberam investimentos de R$ 30 milhões do BNDES, Ministério da Saúde e MCTI.

O terceiro é o Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas (LassBio), do Rio de Janeiro, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com experiência em pesquisas na área de fármacos. Cada laboratório vai receber doses da fosfoetanolamina sintética desenvolvida pelo pesquisador Gilberto Chierice, no Instituto de Qímica da USP de São Carlos.

Inicialmente, os laboratórios devem verificar o processo de produção do composto. Após esta etapa, serão testadas formulações da substância seguindo métodos diferentes, sendo que os laboratórios devem realizar o intercâmbio dos resultados alcançados.

Uma vez elaboradas as fórmulas, começam os testes em animais. O ajuste da dosagem, bem como a melhor formulação, devem aparecer com os melhores resultados obtidos nas cobaias. Após aprovada nesses testes, a substância passa para a administração em humanos. Inicialmente serão verificados efeitos colaterais, posteriormente, o medicamento já poderá ser ministrado para portadores de câncer.

Em caso de sucesso, a fosfoetanolamina passa para a produção, seguindo as diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A resposta, para ser digna para a sociedade, tem que ser completa. Não podemos abrir mão de princípios éticos. Temos que seguir os processos da Anvisa. Sem ética, não se faz ciência”, disse o diretor do NPDM, Odorico Moraes.

 

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