crise hospitalar

Santa Casa adota plano de contingência para enfrentar dificuldades financeiras

Hospital prioriza emergência e planeja reduzir atendimentos ambulatoriais e cirúrgicos; instituição afirma que entrará em contato com pacientes para confirmar ou adiar consultas e cirurgias agendadas

Edson Lopes Jr./GESP

Instituição é suspeita de prática de superfaturamento: indícios foram levados ao Ministério Público

São Paulo – Com dificuldades financeiras, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo adotou, a partir de hoje (18), um plano de contingência para reduzir custos de operação do complexo médico. O plano busca reduzir o número de atendimentos eletivos ambulatoriais e cirúrgicos (atendimentos não emergenciais) e priorizar a assistência de urgência.

Por meio de nota, a Santa Casa informou que, com as medidas, pretende garantir condições adequadas de higiene e funcionamento de equipamentos, como elevadores, “e zelar pela segurança dos trabalhadores e pacientes”.

De acordo com o comunicado, a Santa Casa entrará em contato com pacientes que têm consultas e cirurgias agendadas para os próximos dias, para confirmar ou informar o adiamento. O pronto socorro continuará aberto e em funcionamento, mas priorizará casos de emergência. “Pedimos à população para, em casos de menor complexidade, procurar postos de saúde próximos das residências”.

Até ontem (18), a Santa Casa não havia pago o salário de novembro e o décimo terceiro dos funcionários. Também sem receber, a Vivante, empresa terceirizada que presta serviços de limpeza à instituição, anunciou a demissão de 1,15 mil empregados que trabalham no hospital.

Em reunião nesta quinta-feira entre a diretoria do hospital, a superintendência do Ministério do Trabalho em São Paulo e sindicatos que representam médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, a Santa Casa pediu novo prazo para os pagamentos: 29 de dezembro.

Segundo o promotor de Saúde Pública do Ministério Público de São Paulo, Arthur Pinto Filho, no último dia 10 uma funcionária do hospital prestou depoimento e detalhou os indícios de superfaturamento na instituição.

“Basicamente, ela disse que havia superfaturamento na empresa Logimed, braço da Andrade Gutierrez, que vende medicamentos na Santa Casa. Mas ela [empresa] não só vende, como comanda o almoxarifado da Santa Casa. Eles compram os medicamentos que querem, no preço e do jeito que querem”, declarou.

A auditoria externa constatou que a crise financeira na instituição era maior do que o anunciado em setembro. A primeira auditoria da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, do Ministério da Saúde, Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e do Conselho Estadual de Saúde havia indicado que a dívida alcançava R$ 433,5 milhões. A apuração externa, porém, apontou que o montante devido pela Santa Casa soma mais de R$ 773 milhões.

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