Mais Médicos melhorou indicadores de saúde, diz ministro

Arthur Chioro diz que o país está vendo um show de solidariedade e competência pelo atendimento que os médicos cubanos dão à população

Fabio Rodrigues Pozzebom /ABR/fotos públicas

Chioro: “50 milhões de brasileiros que não tinham atendimento básico agora têm, e são os que mais precisavam”

São Bernardo do Campo – O atendimento humanizado está presente na grade curricular dos novos cursos de medicina autorizados pelo Ministério da Educação como parte das ações do programa Mais Médicos. A afirmação foi feita pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, em entrevista ao ABCD Maior. Ele abordou o impacto das novas faculdades de medicina em Mauá e São Bernardo, no ABC paulista, e os resultados obtidos pelo programa federal, que levou mais de 14 mil médicos para regiões carentes do país. “É um sucesso porque está atendendo a população com qualidade e porque está melhorando muito os indicadores de saúde no Brasil inteiro.”

A abertura desses dois cursos de medicina no ABC poderá diminuir a dificuldade de contratação de médicos na região?

Sim, basicamente com o aumento do número de médicos formados no ABC e pela ampliação na oferta de vagas de residência. A regra que o MEC estabeleceu para essas faculdades implica obrigação da ampliação no número de vagas em residência médica. Tem estudos na área de educação médica que mostram que esse é um dos fatores que mais pesam na fixação de um médico em uma região. Essa obrigatoriedade de oferecer bolsas em residência médica nos dá a convicção de que não somente a quantidade aumentará, mas também a qualidade pelos meios de fixação na própria região.

Que tipo de médico esses novos cursos autorizados pelo MEC pretendem formar, não apenas do ponto de vista de especialidade, mas também do relacionamento com o usuário?

As novas diretrizes curriculares foram aprovadas em março deste ano pelo Conselho Nacional de Educação e preveem um médico generalista que consiga prestar cuidado integral à população, tanto do ponto de vista da prevenção do diagnóstico, tratamento e reabilitação, e com uma formação profundamente humanista, capaz de entender o contexto e oferecer ao seu paciente um cuidado mais qualificado e mais humanizado. As escolas que assumirem terão obrigatoriamente que seguir as novas diretrizes.

Há no ABC uma espécie de campanha negativa sobre o curso de medicina que será oferecido pela Faculdade das Américas em São Bernardo. Como o sr. avalia esse posicionamento?

O que há é a exploração política por parte de um dono de jornal. A Faculdade das Américas conta com sede em São Paulo. Ela teve seu curso habilitado para a cidade de São Paulo, só que apresentou em seu projeto pedagógico como cenário de prática para seus alunos a rede de saúde de São Bernardo. Tem outras cidades em São Paulo que usam a rede de Guarulhos, Barueri, essa é a coisa mais normal. Como a Faculdade de Medicina do ABC, que tem sede em Santo André, usa a rede de serviços de São Bernardo, Mauá, São Caetano, além de Santo André. Então não tem nada de ilegal. Conheço a proposta da Faculdade das Américas, até porque foi negociado comigo quando era secretário de Saúde de São Bernardo.

Como o sr. lida com a argumentação levantada sobre o Mais Médicos referente à precarização do trabalho dos médicos cubanos e os questionamentos sobre a maneira como é feito o pagamento a esses profissionais?

Refutando. Os médicos cubanos são funcionários públicos de Cuba, continuam ganhando seus salários lá, continuam tendo seus direitos previdenciários e trabalhistas e quando vêm em missão do governo cubano para a Organização Pan-Americana têm uma bolsa complementar. Não tem nenhuma semelhança com médico português ou argentino que por conta própria resolveu vir trabalhar no Mais Médicos, porque nesse caso há uma relação direta com o governo brasileiro. No caso dos médicos cubanos, essa relação se dá entre Cuba e a Organização Pan-Americana, reproduzindo prática feita hoje com outros 63 países, não apenas com o Brasil. Eles vêm por meio de um intercâmbio institucional e formal que se estabelece com a organização. Essa é a diferença. O problema é que Cuba tem envolvida a questão ideológica. E na verdade o que está acontecendo é que estamos vendo um show de solidariedade e competência ao atenderem bem a população.

Passado um ano do lançamento, o sr. acredita que a visão da sociedade sobre o Mais Médicos melhorou?

Completamente. Nós temos duas pesquisas. Uma da Confederação Nacional do Transporte, que aponta que 83% aprovam o Mais Médicos, e outra do Instituto de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, que fez uma entrevista com usuários e mostra que 94% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o programa. A própria avaliação demonstra hoje o tamanho da resposta. É um sucesso porque está atendendo a população com qualidade e porque está melhorando muito os indicadores de saúde no Brasil inteiro. Tem 50 milhões de brasileiros que não tinham atendimento básico e agora têm, exatamente os que mais precisavam.

Além da formação e contratação de médicos, o governo prevê investimento na infraestrutura da rede pública de saúde. Podemos estimar em quanto tempo o Brasil terá uma estrutura mínima de saúde?

Nós já temos uma estrutura muito adequada de saúde. Tanto é que trouxemos mais de 14 mil médicos (para o programa Mais Médicos) e nenhum deles ficou sem trabalhar por falta de condições. Independentemente disso, o governo federal está investindo R$ 5,6 bilhões para reformar, construir e ampliar 26 mil unidades básicas de saúde em todo o país, além de fazer a conexão por internet de 13 mil Unidades Básicas de Saúde até o ano que vem. Dessas 26 mil, mais de 10 mil já estão inauguradas e outras 7 mil em obras. Teremos até o final da próxima gestão todas as UBSs do Brasil qualificadas e com plena utilização de tecnologia de informação.

 

MAIS MÉDICOS EM NÚMEROS NO PAÍS E NO ABC PAULISTA

14.462profissionais integram o Mais Médicos

3.819municípios são atendidos pela iniciativa, incluindo 34 distritos indígenas

50 milhões de brasileiros foram beneficiados em todo o país

147 médicos do programa atuam na rede pública de saúde do ABC

500 mil moradores do ABC são assistidos pelo programa

46,8% foi o aumento de consultas de pré-natal no ABC com a chegada dos novos médicos

14.856 consultas de demanda imediata foram realizadas pelos profissionais em janeiro de 2014 no ABC

12,4 mil vagas de residência médica devem ser criadas no país até 2017 com novos cursos de medicina

11.500 novas vagas em medicina serão criadas em todo o país

39 cidades receberam autorização do MEC para criar novos cursos de medicina

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