Conferência

Indígenas vão ajudar a definir aplicação de verbas em ações de saúde

Portaria assinada pelo ministro Alexandre Padilha garante participação de representantes das comunidades em decisões sobre destino de recursos

fabio rodrigues pozzebom/abr

Conferência de saúde indígena começou ontem e vai até sexta-feira

Brasília – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou ontem (2) à noite portaria que garante a participação de representantes indígenas em reuniões decisivas para a destinação das verbas do setor.

“Para as reuniões que ocorrem nos estados, entre as secretarias estaduais de Saúde e as municipais, e para as reuniões em uma região do estado que decidem, por exemplo, quantas vagas vai ter no hospital, quanto dinheiro vai para um determinado tipo de cirurgia, quanto vai ser destinado para o TFD, o transporte do paciente para fora do domicílio. Haverá um representante dos distritos sanitários especiais indígenas (Dsei) para discutir questões relacionadas ao povo indígena”, explicou Padilha.

A portaria foi assinada na abertura da 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (CNSI), que até sexta-feira (6) deve aprovar as diretrizes para as políticas de saúde a serem implementadas nas aldeias indígenas por 34 Dsei que integram o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS).

De Mato Grosso do Sul, o articulador indígena Agnaldo Tereno trouxe o apelo por melhoria na estrutura do atendimento voltado para a população indígena do estado, que tem 75 mil pessoas. “Falta remédio, falta estrutura, às vezes o médico tem carro para ir nos atender, às vezes não. Precisamos de melhorias”, defendeu.

Sônia Guajajara, da direção da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, fez um apelo ao ministro para que o atendimento à saúde seja implementado integralmente. “Não podemos permitir que crianças, jovens e idosos continuem morrendo por doenças consideradas tratáveis”, sustentou Sônia.

Na abertura do evento, a presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro Souza, disse que todos devem lutar para que o governo dê prioridade ao saneamento rural, o que vai contribuir para a prevenção de doenças.

Padilha reconheceu que nem tudo o que foi acertado na última conferência foi cumprido, mas disse que o ministério vem trabalhando para atender às demandas. Até agora, 19 distritos indígenas receberam  pouco mais de 70 médicos do Programa Mais Médicos, e de acordo com o ministro, a demanda apresentada de 250 profissionais vai ser suprida até março de 2014.

Representantes indígenas de Mato Grosso do Sul aproveitaram a ocasião para erguer cartazes pedindo a demarcação urgente das terras.

O tema central da conferência é Subsistema de Atenção à Saúde Indígena e SUS: Direito, Acesso, Diversidade e Atenção Diferenciada. Para o evento nacional, foram realizadas 306 conferências locais, 34 conferências distritais, com a participação de indígenas e não indígenas, abrangendo 305 etnias que estão distribuídas em todo o país. Cerca de 2 mil pessoas, entre delegados e interessados, devem participar da conferência.

Formação deficiente

O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzzato, ressaltou hoje (3), em entrevista à Rádio Brasil Atual, a importância da participação dos povos indígenas na conferência para que eles possam externar seus pontos de vista com relação à política de saúde indígena. Para Buzzato, um dos principais problemas no trato a saúde de índios é a formação deficiente da equipe médica. “Além da falta de medicamentos e de estrutura para que as equipes de atendimento possam prestar o devido serviço nas aldeias, a formação dos agentes de saúde junto as comunidades indígenas ainda é precária, seja na área médica ou na área antropológica”, afirmou.

Ouça aqui a entrevista completa de Cléber Buzzato à Rádio Brasil Atual

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