Alerta

Fiocruz lança documentário sobre uma das doenças mais negligenciadas no Brasil

A paracoccidioidomicose, tipo crônico de micose mais conhecida como paracoco, atinge principalmente os trabalhadores rurais; 80% dos casos ocorrem no Brasil

Marcello Casal Jr./ABr

Os agricultores são as principais vítimas do paracoco, doença crônica que está entre as maiores causas de morte

São Paulo – Mesmo sendo a oitava causa de mortalidade entre as doenças infecciosas e parasitárias no país, a paracoccidioidomicose, um tipo crônico de micose mais conhecido como paracoco, é também uma das mais negligenciadas entre as chamadas doenças negligenciadas – grupo de males causados por agentes infecciosos ou parasitas que, por afetarem sobretudo populações mais pobres, não são prioridade da pesquisa dos laboratórios farmacêuticos.

Causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, êndemico da América Latina, que se prolifera principalmente na terra, a doença afeta trabalhadores rurais. A maioria (80%) dos casos é registrada no Brasil, com maior incidência em regiões agrícolas.

Ao ser inalado, o microorganismo se aloja nos pulmões e causa lesões na pele, mucosas (boca, nariz, estômago e intestinos), baço e fígado e pode acometer todas as vísceras, em especial a glândula supra-renal, responsável pela produção de hormônios que regulam, entre outras coisas, a pressão arterial, o fornecimento de açúcar para as células e a função sexual. Os homens adultos são as principais vítimas. Embora seja pouco comum, pode acometer crianças, afetando os gânglios linfáticos, o baço e o fígado, podendo ainda levar à disfunção da medula óssea.

De acordo com o pesquisador da Fiocruz Ziadir Coutinho, a doença não é contagiosa e tem cura. Porém, causa graves sequelas e pode matar se não for diagnosticada e tratada a tempo. “É muito mais comum em homens em idade produtiva, entre 30 e 50 anos. Como o sintoma mais comum é a tosse persistente, geralmente é confundida com a tuberculose, ou com o câncer, por causa das feridas que causa na boca, garganta e nariz”, disse. Outros sintomas são emagrecimento e fraqueza, rouquidão, falta de ar,  perda dos dentes e caroços no pescoço ou na virilha.

O diagnóstico e tratamento estão disponíveis em algumas unidades da rede pública, e os medicamentos mais usados devem ser distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os doentes também podem ter acesso ao diagnóstico e tratamento por meio do Programa de Saúde da Família.

Para divulgar a doença comum, grave e ao mesmo tempo desconhecida, o Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, lançou nesta quinta-feira (3) o documentário Paracoco: Endemia Brasileira, que traz informações o sobre sintomas, diagnóstico, formas de contágio e tratamento. O vídeo, que traz informações de médicos e depoimentos de pessoas doentes, é destinado a entidades de saúde e educação.

“O objetivo é tornar a doença mais conhecida destacar a importância do diagnóstico no tratamento dos pacientes. Por isso ouvimos médicos e também pessoas que têm a doença”, disse o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e diretor do filme, Eduardo Thielen. As filmagens foram feitas no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná.

Assista ao trailer

Os interessados em obter uma cópia devem entrar em contato pelo e-mail videosaú[email protected], ou pelo telefone (21) 2290-4745.

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