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Em ‘passe de mágica’, Alckmin acha recursos para elevar salários de médicos

Sindicato vê com desconfiança anúncio de salários de até R$ 20 mil para profissionais no estado; proposta anterior de valorização teria resultado em diminuição de vencimentos

©adriana spaca/brazil photo press/folhapress

Objetivo de Alckmin seria equilibrar a disputa política em torno do Mais Médicos do ministro Alexandre Padilha

São Paulo – O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) recebeu com descrédito o anúncio do novo secretário da Saúde, David Uip, de que vai pagar salários entre R$ 16 mil e R$ 20 mil para jornadas de 40 horas semanais, conforme divulgou o jornal Folha de S.Paulo ontem (19).

“Agora, num passe de mágica, surge então um dinheiro que não existia para o pagamento de médicos?”, ironizou o presidente da entidade, o neurocirurgião Cid Carvalhaes.

O dirigente, que aguarda uma audiência com Uip, ainda sem data, vai pressionar pela antecipação do encontro. “Vamos aproveitar para discutir com o governo como serão as bases dessa nova proposta anunciada pelo secretário”, disse Carvalhaes, destacando que não é a primeira vez que o governo anuncia, sem cumprir, mais investimentos na carreira médica.

Desde o começo do ano, os médicos vinculados à rede pública do estado de São Paulo se mobilizam na tentativa de reverter alguns pontos do plano de carreira estabelecido por Alckmin por meio da Lei Complementar 1.193/2013, que instituiu a Carreira Médica no Estado.

Pela lei criada pelo Executivo paulista, foram instituídas três classes de médicos (I, II e III). A classe III tem teto de até R$ 7,5 mil por jornada de 24 horas semanais, R$ 6,3 mil por 20 horas e R$ 3,8 mil por 12 horas. Aos profissionais iniciantes enquadrados na classe III, com carga horária de 40 horas e que obtenha o teto do prêmio de produtividade médica, além da gratificação executiva, por exemplo, estão previstos salários de R$ 14,5 mil. A proposta é que médicos com cargos de chefia tenham condição diferenciada.

“Ao contrário do que foi prometido, a lei trouxe retrocessos em relação à remuneração, gerando inclusive redução nos vencimentos de alguns profissionais”, disse Carvalhaes.

De acordo com ele, a partir do pagamento dos salários referentes ao mês de fevereiro, os médicos começaram a constatar o engodo que é o plano de carreira do governo. “Muitos deles se queixam também da redução salarial e criticam a secretaria da Saúde, que anunciou que os médicos poderiam ter salário de até 14 mil reais. Mas, na prática, há redução de valores”.

O presidente do Simesp evita associar o anúncio de Uip à reação de causa e efeito provocada pelo programa federal Mais Médicos. “Não podemos fazer afirmações levianas, mas há fortes suspeitas de interesse eleitoral no anúncio”, disse.

“Há tempos estamos insistindo por uma solução definitiva do problema. Há pessoas morrendo por falta de leito, de vaga na UTI, equipamentos, de médicos e vem esse anúncio de aumento de salários e realização de concursos”.

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