Depoimento

Brasileira que estuda em Cuba diz que médicos têm medo de comparação

Estudante afirma que interesse de entidades de classe que protestam contra vinda de estrangeiros vai contra a população

CC/marxismo.org

Consultório médico em Cuba: formação voltada ao diagnóstico e à educação preventiva da população

São Paulo – Cíntia Santos Cunha é brasileira e estuda ciências médicas em Cuba. Ela chegou ao Brasil ontem (2) para participar do Programa Mais Médicos, do governo federal. Para ela, as críticas de entidades de classe e de médicos brasileiros à vinda de profissionais estrangeiros para ocupar vagas não preenchidas por brasileiros representa um medo de que a população “descubra outro modelo de medicina”.

Cíntia nasceu no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, e conta que sempre se imaginou exercendo o ofício. “Sempre quis fazer Medicina, desde pequena, mas medicina é um curso impensável para pessoas do lugar da onde sou. Negra, mulher, pobre, no Capão Redondo, ninguém sonha em fazer medicina”, disse, em reportagem exibida pela TVT.

Ela também conta que a formação em Cuba é voltada para o diagnóstico e educação da população para atenção básica à saúde e diálogo com a população, o que, segundo ela, acontece pouco para quem “vê a medicina como um comércio”.

“A formação que recebo é que tenho que saber trabalhar com os meios diagnósticos da maior tecnologia mas também preciso saber trabalhar num meio de guerra, como dizemos, numa montanha onde eu não conte com esses meios diagnósticos. Eles ensinam a gente a ouvir e escutar o paciente e fazer a parte da clínica médica, e aí ter a hipótese diagnóstica. Os exames complementares servem apenas para complementar meu diagnóstico médico, e não para diagnosticar”, diz.

“Acho que eles têm medo de que comece a mudar a mentalidade da população em relação ao que deve ser um médico. Damos saúde à população e ensino a população a cuidar da saúde, e este é o papel fundamental que a gente aprende em Cuba, a gente deve ensinar o paciente a cuidar da própria saúde. E isso não é interessante para quem faz da medicina um comércio”, finalizou.

Assista aqui ao vídeo da TVT.

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