Internet perdida

Sinal do 3G não aparece em metade das regiões do país, aponta entidade

Técnicos da Proteste percorreram cinco mil quilômetros por 16 estados do país. Em 50% das regiões, tentativas de conexão com sinal 3G falharam

CC/wwward0

Sinal das operadoras ‘some’ até em capitais. Poder público deve fiscalizar

São Paulo – As operadoras de comunicações não entregam serviço 3G em 50% das regiões pesquisadas pela entidade de direitos do consumidor Proteste. Técnicos da entidade percorreram cinco mil km pelo Brasil fazendo testes com as quatro principais operadoras do país Oi, Tim, Claro e Vivo. A conclusão é que o sinal 3G só existe nas capitais e em algumas regiões metropolitanas. Nenhuma das empresas cobriu mais que 51% com conexões 3G.

Segundo a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolcci, os consumidores pagam por um serviço inexistente. “Estes cinco mil quilômetros foram percorridos em 16 estados do Brasil e encontramos sinais inexistentes, constatamos que o 3G é ruim. O consumidor paga caro por isso e não tem o serviço de que ele necessita.”

Os problemas variaram conforme região e operadora. Em São Paulo, o destaque negativo ficou com a Claro, que teve poucos registros fora da capital e na região metropolitana: das tentativas, 62% falharam em tentar acessar a rede 3G.

“A Oi se destacou negativamente em São Paulo nas dimensões de download e upload, e a Vivo na latência, o tempo de resposta. A melhor cobertura encontrada, que foi a da Tim, chegou a 65% da regiões visitadas”, informa a coordenadora da Proteste.

O acesso a internet já se tornou um direito humano, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A advogada da Proteste, Flávia Lefèvre, afirma que o Brasil precisa de infraestrutura e investimentos por parte do Estado. “Na nossa interpretação, os maiores problemas se devem a falta de investimento e infraestrutura. Se em 1998, quando foram feitos contratos de concessão, o objetivo principal do Estado era universalizar o serviço de telefonia fixa, a realidade mudou. Hoje a necessidade é universalizar o serviço de comunicação de dados.”

Ela reforça que é papel do Estado regular o setor para que problemas mais sérios não afetem os consumidores. “Destacando que a Constituição não faz distinção entre serviços públicos de telecomunicações prestados em regime público ou prestados em regime provado, que a Anatel e o governo federal tenham papel preponderante na definição de normas que incentivem uma conduta e uma postura mais adequada à necessidade do mercado.”

A proteste lançou o site “Em busca do 3G perdido” onde as pessoas podem relatar suas experiencias com a falta de sinal. Veja aqui mais informações sobre o estudo dos técnicos da entidade.

Ouça aqui a reportagem de Cláudia Manzzano.

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