Carência

Programa federal para cobrir falta de médicos vai pagar salário de R$ 10 mil

Dilma Rousseff anuncia que haverá ajuda de custo a profissionais que aceitem atuar em regiões remotas e reforça que estrangeiros só atuarão onde não haja interesse de brasileiros

Image Source/Peter and John Rowl

As prefeituras terão de oferecer boas condições de trabalho para os médicos como contrapartida

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff anunciou hoje (8) que o governo federal vai pagar um salário de R$ 10 mil aos profissionais que façam a adesão ao Programa Mais Médicos, que será lançado agora à tarde no Palácio do Planalto. Além disso, haverá uma ajuda de custo aos que aceitem atuar em regiões remotas.

Durante o programa semanal de rádio “Café com a presidenta”, Dilma esclareceu que será lançado um edital para selecionar os municípios que manifestem interesse em participar. Em troca dos recursos federais, as prefeituras deverão se comprometer a construir centros de saúde que atendam às exigências de bom funcionamento. “Nós temos, em nosso país, postos de saúde em perfeitas condições de receber, hoje, mais médicos. Por isso, a segunda iniciativa é que hoje nós vamos lançar um outro edital, para que os médicos brasileiros interessados em trabalhar nesses lugares mais distantes possam se inscrever e escolher o município para onde querem ir”, afirmou.

Haverá ainda um pagamento do governo federal para montar equipes de enfermagem e da área técnica. Os médicos terão de cumprir jornada de 40 horas semanais e, em troca, poderão cursar especialização na atenção básica.

Frente à resistência de associações médicas à possibilidade de contratação de profissionais estrangeiros, Dilma reforçou que a vinda de médicos de outros países só será feita para as localidades nas quais não exista interesse dos brasileiros. “Ninguém vai tirar o emprego de ninguém”, reiterou, acrescentando que os médicos vão assinar um contrato de três anos com o governo federal para trabalhar exclusivamente no atendimento básico.

Durante a vigência do contrato, eles serão supervisionados por universidades públicas incumbidas de acompanhar o programa. Antes de começar a atender, passarão por avaliações feitas por estas mesmas universidades. Haverá exigência de que falem e compreendam bem o português. Por isso, é provável que Portugal e Espanha cedam o maior contingente de profissionais, já que são nações em crise e que atendem à relação médico-pacientes da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Mais médicos em nosso país significa mais saúde para a população Esse é o nosso grande objetivo, e é para isso que estamos trabalhando com muita determinação.”

A contratação de médicos estrangeiros foi uma das medidas anunciadas por Dilma em meio às manifestações de junho. A medida vinha sendo avaliada pelo governo desde o começo do ano, e foi o caminho encontrado para solucionar com rapidez a escassez de profissionais, especialmente em áreas remotas e nas periferias das grandes cidades. No longo prazo, o Ministério da Saúde abriu 2.400 novas vagas de graduação em Medicina desde 2011, e projeta mais seis mil até o fim do atual mandato, em 2014, com outras quatro mil de residência médica. A promessa é de um investimento de R$ 2 bilhões até 2017, o que inclui a construção de 14 hospitais.

“Nós sabemos que os nossos médicos estão comprometidos com a qualidade do serviço público, mas, infelizmente, eles ainda são em número insuficiente para garantir atendimento em toda a rede pública de saúde”, argumentou a presidenta. “A verdade é que são necessários seis anos para se formar um médico na faculdade, e mais outros dois ou três anos, às vezes até cinco anos, de residência médica para ele se tornar um especialista. Só aí são mais de dez anos para formar um médico especialista.”

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