Saúde

Padilha reafirma que Brasil precisa de médicos trabalhando no interior e na periferia

Ministro defendeu que os dois anos de atuação obrigatória no SUS não são arbitrariedade, como criticam as entidades de classe, mas complemento na formação dos profissionais

Elza Fiúza/ABr

Padilha ressaltou que o programa Mais Médicos estabelece regras mais claras para abertura de cursos de medicina

São Paulo – O ministro Alexandre Padilha reafirmou hoje (10) no programa Bom Dia, Ministro a necessidade de que profissionais médicos atuem em áreas periféricas das grandes cidades e em localidades do interior do país. Comentando o programa do governo federal lançado na segunda-feira (8), o Mais Médicos, que enviará doutores aos municípios que carecem de profissionais, o ministro voltou a garantir que médicos estrangeiros só ocuparão as vagas remanescentes não preenchidas pelos brasileiros, e que a revalidação do diploma, neste caso, não é o ideal.

“Se houver a revalidação do diploma, o médico estrangeiro poderá atuar em qualquer localidade do país. E não é isso que queremos: queremos que o médico atue nas áreas carentes. Para isso precisamos estimular os profissionais e para isso contamos com dois fatores: a supervisão e acompanhamento das universidades às quais os médicos estarão ligados, e a remuneração direta por parte do Ministério da Saúde”, disse.

A afirmação de Padilha sobre a carência de médicos em regiões distantes dos grandes centros vai na contramão daquilo que afirmam entidades médicas, que alegam que o maior problema da saúde não é a falta de profissionais, mas sim de condições de trabalho adequadas para o exercício da profissão. “A presença do médico é o maior estímulo para a Unidade de Saúde. É o profissional que faz a diferença”, rebateu o ministro.

Mais Médicos

O salário dos médicos que se integrem ao programa será de R$ 10 mil, além de uma ajuda de custo que vai de três salários-extras, para quem for às áreas mais remotas da Amazônia, a um salário-extra, no caso de quem trabalhar na periferia das grandes cidades. A carga de trabalho será de 40 horas semanais, sempre na unidade de atenção básica, e em troca o profissional terá direito a fazer um curso de especialização neste tipo de atendimento.

Depois de selecionados os médicos brasileiros, as vagas remanescentes serão destinadas aos estrangeiros. Será necessário que o profissional vindo de fora fale e compreenda o português. Inicialmente, todos serão submetidos a três semanas de avaliação nas universidades federais que integram o programa. Estas mesmas universidades serão responsáveis pela avaliação do profissional durante os três anos de vigência do contrato, que, como reforçou o ministro, são válidos exclusivamente para atendimento básico.

Os municípios que desejarem participar do programa Mais Médicos devem realizar, em troca, obras que garantam a estrutura básica para o exercício da medicina. As obras terão financiamento federal. O total disponível é de R$ 15,8 bilhões para este ano, sendo que R$ 7,4 bilhões já estão contratados para obras de infraestrutura.

O ministro disse também que o programa Mais Médicos estabelece regras mais claras para abertura de cursos de medicina. “Vamos mapear hospitais e unidades básicas de saúde disponíveis. É uma iniciativa muito importante para levarmos mais oportunidades e vagas para o interior do país.” O governo quer aumentar a formação de médicos, passando de 55 mil para 108 mil matrículas em quatro anos. A expectativa é criar 1.500 novos cursos em um total de 117 municípios atendidos por instituições particulares e públicas, 60 a mais que o atual.

O programa lançado na segunda-feira também prevê a extensão do ciclo de formação dos cursos de Medicina, para garantir dois anos de atendimento obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS). No Bom Dia, Ministro, Padilha afirmou que a medida não representa uma obrigatoriedade arbitrária, como afirmam entidades médicas contrárias ao programa, mas sim como uma melhor formação do profissional.

“Estamos pensando na formação do médico. Os dois anos de serviço no SUS serão como uma residência médica, o problema é que hoje ela funciona em hospitais de alta complexidade, voltados para a especialização. Neste serviço no SUS o médico, assim como na residência, será supervisionado, mas será voltado atenção básica, serviços de urgência e emergência”, comentou.

Padilha viaja ainda hoje à Espanha para divulgar o programa e finalizar acordos de cooperação técnica que já vinham sendo analisados. “Esses dois países sinalizaram que têm muitos médicos brasileiros que querem voltar ao Brasil e médicos de lá que têm interesse em participar [do programa] e atender no Brasil por um período, na atenção básica na periferia das grandes cidades e nos municípios do interior.”