Reação

Conselho Federal de Medicina vai à Justiça contra Programa Mais Médicos

CFM vai se reunir com conselhos regionais hoje. Entidades planejam paralisação no dia 17 contra o que consideram 'medidas irresponsáveis'

Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Programa anunciado na segunda-feira prevê que médicos prestem serviços no SUS durante dois anos

São Paulo – A diretoria do Conselho Federal de Medicina (CFM) reúne-se hoje (10) com os conselhos regionais para discutir medidas judiciais contra a Medida Provisória (MP) 621, que institui o Programa Mais Médicos para o Brasil, lançado na segunda-feira (8) pelo governo federal. A iniciativa prevê a contratação de profissionais para atuar na saúde básica em municípios do interior e na periferia das grandes cidades, além aumentar o período de formação em medicina, prevendo dois anos de atuação no Serviço Único de Saúde (SUS).

“Vamos nos reunir para discutir medidas conjuntas e estamos programando paralisação no dia 17 para denunciar essas medidas irresponsáveis”, disse hoje o secretário-geral do CFM, Henrique Batista. Ele afirmou que as medidas são “descabidas e e extremamente perigosas para a população”.

“Esta é uma medida imediatista que não atende às reivindicações populares. O programa que visa a interiorizar a medicina e os médicos sem a devida validação do diploma é perigosa, pois a população será assistida por médicos sem a devida capacitação”, disse à Rádio Brasil Atual.

Batista critica o fato de que os formandos em Medicina tenham de prestar serviço durante dois anos no SUS e que os médicos que se inscrevam no edital do programa fiquem “isolados” em regiões periféricas ou cidades interioranas, já que, segundo ele, a maioria destas localidades não dispõe de equipamentos de saúde adequados. “Aumentar o tempo de formação não vai melhorar o atendimento médico. Se o médico recém-formado ficar sozinho no interior ou região mais distante ele fica desamparado, pois não dispõe das condições, da assistência e da supervisão em que possa se sentir seguro. Não se faz medicina com médico e estetoscópio, é necessário muito mais que isso.”

O secretário-geral do CFM também reprovou a iniciativa do governo de trazer médicos estrangeiros para preencher as vagas remanescentes do programa. “Há número suficiente de médicos, o que acontece é que temos a quantidade mal distribuída, pois o governo não estabelece medidas atrativas para que o médico possa atuar. O governo precisaria instituir condições de trabalho para o médico no SUS, para que ele pudesse exercer bem sua função.”

Segundo Batista, faltam médicos na rede pública de saúde porque faltam insumos básicos, equipamentos e medicamentos. “Um médico sozinho não pode prestar um serviço bom para a população.”

Ouça aqui a entrevista de Henrique Batista à Rádio Brasil Atual.

Leia também

Últimas notícias