Greve

PM agride manifestantes que desocupavam Secretaria de Saúde de São Paulo

Pelo menos cinco pessoas foram agredidas pela Polícia Militar e um manifestante foi preso após reunião com o secretário de Saúde

São Paulo – Com cassetetes e armas de efeito moral, soldados da Polícia Militar agrediram na tarde de hoje (22) manifestantes do Fórum Popular de Saúde, MTST, movimento Periferia Ativa e movimento Resistência Urbana, no momento em que deixavam o saguão do prédio da Secretaria Estadual de Saúde, em Pinheiros, na zona oeste da capital, que foi ocupado de forma pacífica durante a manhã.

O tumulto começou com a prisão de um manifestante, que foi imobilizado e algemado por cinco policiais há poucos metros da secretaria. O policial responsável pela operação não quis se identificar nem responder aos questionamentos da reportagemsobre o motivo da prisão. Segundo uma testemunha, ele teria chamado um oficial de “coxinha”. Enquanto era preso, o militante, de nome Eduardo, questionava aos gritos: “O que eu fiz?”.

Nervosa, uma senhora gritou: “Não matem ele”!, ao que foi ironizada por um dos policiais, que respondeu: “Só na sua cabeça é que vão matar ele!”.

Indignados com a reação da polícia e com a falta de respostas, os cerca de 200 manifestantes que deixavam a ocupação se aglomeraram ao redor da viatura gritando palavras de ordem e perguntando o que ele havia feto. A polícia respondeu com golpes de cassetetes, que atingiram pelo menos cinco pessoas. Uma senhora caiu no chão e foi socorrida no local.

“Nós, trabalhadores, estávamos indo embora e fomos agredidos”, afirmou um dos coordenadores do Fórum Popular de Saúde, Paulo Spina, agredido com um golpe na cabeça. Eles seguiram em marcha para a 14ª Delegacia de Polícia para tentar liberar Eduardo.

Negociação

Antes do tumulto, uma comissão de oito manifestantes participou de uma reunião com o secretário de Saúde, Giovanni Guido Cerri, o secretário adjunto, José Manoel de Camargo Teixeira, e o chefe de gabinete, Reynaldo Mapelli Júnior, principal objetivo da ocupação.

Os movimentos apresentaram a pauta de reivindicações, que inclui a solicitação de reunião entre o estado e as prefeituras de Taboão da Serra e Embu das Artes, onde, segundo os movimentos, a qualidade do atendimento público de saúde piorou depois da troca de prefeitos do começo do ano. Eles também pediram que o Hospital das Clínicas, mantido pelo estado, revele o total de atendimentos realizados para a rede pública, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e para a rede privada, pelos convênios.

Eles cobraram o fim das internações compulsórias para dependentes químicos – o que estaria desorganizando os equipamentos públicos de saúde mental –, pediram a municipalização Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do município de Itapeva (SP) e levaram seu apoio aos trabalhadores estaduais de saúde, em greve desde o dia 2.

“O secretário se comprometeu a nos entregar, até dia 20 de junho, uma agenda de reuniões entre o estado e as prefeituras de Taboão, Embu e São Paulo”, disse Scapin, do Fórum Popular da Saúde. Até aquela data, o governo também se comprometeu a entregar os números sobre os atendimentos do Hospital das Clínicas.

“Nós reivindicamos o atendimento integral pelo SUS no Hospital das Clínicas, mas o governo não falou nada a esse respeito. Sobre a greve, o secretário disse que irá acelerar as negociações sobre a jornada de trabalho de 30 horas – os trabalhadores reivindicam a formalização desse esquema de trabalho –, mas não falou nada sobre salários.”

Os trabalhadores da Saúde reivindicam 32,2% de reajuste relativo aos últimos cinco anos, aumento no vale-refeição de R$ 8 para R$ 26,22, prêmio de incentivo igual para todos os funcionários e transparência na utilização da verba do Fundo Estadual de Saúde (Fundes).

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