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Governo Alckmin quer multiplicar casas privadas contra crack, ‘o grande desafio do mundo’

Cartão Recomeço dá R$ 1.350 mensais a entidades, que poderão ser abertas em até dois meses, no cálculo do coordenador do programa. Alckmin considera ação 'mais um passo' para o combate ao crack

Diogo Moreira/Frame/Folhapress

Elogiado por Alckmin, Cartão Recomeço é criticado por psicólogos, que veem transformação de desespero das famílias em mercado

São Paulo – O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Cartão Recomeço, expôs hoje (9) que a intenção é multiplicar a abertura de comunidades terapêuticas especializadas em atendimento a crianças e adolescentes. A iniciativa lançada hoje (9) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para financiar o tratamento de dependentes químicos em comunidades terapêuticas irá pagar R$ 1.350 mensais por pacientes maiores de idade atendidos nessas instituições, cuja maioria é mantida por entidades religiosas que não prestam atendimento a jovens. Para o Alckmin, o cartão representa “mais um passo para enfrentar o grande desafio do mundo moderno”, referindo-se ao crack.

“São poucas as comunidades, no momento, especializadas em menores de idade. Acho que a gente tem que fomentar eventualmente comunidades terapêuticas ou ambientes para menores de idade”, afirmou Laranjeira. “A beleza do cartão é que ela permite uma grande agilidade. Se tiver um município que diga que tem muito adolescente com problemas e quiser criar uma moradia assistida, ou uma moradia do recomeço, ela pode fazer isso já em um, dois meses.”

Laranjeira, que é professor titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), irá coordenar o Cartão Recomeço no âmbito da Secretaria de Justiça. A pasta será responsável por financiar o cartão e credenciar a rede de comunidades terapêuticas. Um edital com parâmetros mínimo de estrutura física e serviços será lançado nos próximos dias.

Para Laranjeira, o estado de São Paulo avança ao financiar a recuperação. Segundo ele, o estado é o único do país que já tem a estrutura de uma política antidrogas “bem instituída”, com o componente justiça terapêutica ainda “incipiente”, mas com o sistema de prevenção e tratamento com “eixo consistente”. “Temos que fazer essa distinção. Uma coisa é o tratamento que usa estrutura médica, psiquiatria, uma série de setores. O tratamento estabiliza as pessoas, quer seja por CAPs [Centro de Atendimento Pssicossocial], quer seja por internação voluntária, involuntária”, explica. “Essa é a beleza do cartão: o financiamento a recuperação.”

Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Social Rodrigo Garcia, “um dos trabalhos fundamentais que será exigido [das comunidades] é que justamente o fortalecimento de vínculo com a família, que tem um papel fundamental na recuperação do seu dependente”.

As secretarias estaduais de Desenvolvimento Social e Saúde serão responsáveis, em parceria com Laranjeira, por estabelecer o protocolo de serviços, as equipes e a sua fiscalização. Já os municípios serão responsáveis pelo gerenciamento das vagas e pelo escolha dos dependentes que serão atendidos. Diadema, Sorocaba, Campinas, Bauru, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, São José dos Campos, Osasco, Santos e Mogi das Cruzes receberão os cartões, cujo saldo só pode ser sacado pelas entidades. Segundo Alckmin, em 60 dias os primeiros dependentes já poderão começar a ser atendidos.

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