Conselho Regional de Medicina de São Paulo é contrário às casas de parto

São Paulo – “Uma das decisões mais equivocadas dos gestores de saúde no nosso país”: assim o corregedor do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Krikor Boyaciyan, descreveu a Portaria […]

São Paulo – “Uma das decisões mais equivocadas dos gestores de saúde no nosso país”: assim o corregedor do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Krikor Boyaciyan, descreveu a Portaria 985/99, do Ministério da Saúde, que estabelece parâmetros para instalação das casas de parto no Brasil. Segundo o corregedor, posição contrária das entidades médicas visa a proteger gestantes e nascituros de condições que possam colocá-los em risco.

Boyaciyan entende que a necessidade de se manter o parto nos hospitais está relacionada a questões técnicas e à frequência de complicações nos partos. “Existe uma série de situações onde a intervenção do médico deve ser imediata, pois podem acarretar lesões e até o óbito da mãe e do bebê. Não existe parto sem risco. O ambiente hospitalar proporciona condições para a pronta ação do profissional sobre qualquer intercorrência, coisa que a casa de parto, por sua própria definição, não pode garantir”, considera.

Co-autor da Resolução 111 do Cremesp, que proíbe os profissionais médicos de atuar em casas de parto, o corregedor defende que a proibição é por uma questão de segurança. “Não é um ambiente adequado para o médico trabalhar. Nós não podemos permitir que o profissional atue sem condições minímas de estrutura, sem auxílio de anestesista, de um pediatra, longe de um hospital. Mesmo que os riscos no parto fossem raros, eu não submeteria uma mãe a esse perigo”, justifica Boyaciyan.

O médico pondera que o aumento das cesárias que, na rede pública, atinge 37% do partos na média nacional e 54% na municipal, não pode ser usado para justificar a adoção das casas de parto e que o crescimento se deve a múltiplas condições. “O número é absurdo, não se pode aprovar algo assim. Mas é um processo multifatorial. Tem contribuição do sistema de saúde, que busca lucro na maior rotatividade que a cesária proporciona, dos obstetras, que têm pressa por conta de, muitas vezes, ter outro emprego, e das próprias pacientes, que pressionam para fazer a cesariana por diversos motivos”, avalia Boyaciyan.

 

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