HIV: 34 milhões de pessoas vivem com o vírus no mundo, aponta relatório da ONU

É a primeira vez que a ONU publica relatório com perspectiva positiva de que o controle da epidemia poderá ser alcançado em 2015

Chequer, coordenador do Unaids no Brasil, comentou sucesso dos antirretroviais (Foto: Antonio Cruz/ABr)

Brasília – Relatório divulgado hoje (18) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) indica que 34,2 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, sendo 30,7 milhões de adultos, 16,7 milhões de mulheres e 3,4 milhões de menores de 15 anos. A África Subsaariana registra o maior número de pessoas infectadas, com 23,5 milhões, seguida pela Ásia Meridional e Sul-oriental, com 4,2 milhões. A Oceania tem a menor estimativa com 53 mil infectados. Na América Latina, são 1,4 milhão.

Dados indicam ainda que, em 2011, 2,5 milhões de novas infecções foram identificadas no mundo, sendo 2,2 milhões em adultos e 330 mil em menores de 15 anos. O número representa mais de 7 mil novas infecções por dia e 97% delas foram notificadas em países de baixa e média renda.

A África Subsaariana lidera o ranking com 1,7 milhão de novas infecções. Em seguida, aparecem a Ásia Meridional e Sul-oriental (300 mil) e a Europa Oriental e Ásia Central (170 mil). Na América Latina, 86 mil pessoas foram infectadas pelo vírus em 2011.

Já as mortes provocadas pelo HIV no mesmo período totalizaram 1,7 milhão, sendo 1,5 milhão entre adultos e 230 mil entre menores de 15 anos de idade. Na América do Norte, 20 mil pessoas morreram no ano passado em decorrência do HIV; na região do Caribe, 10 mil; na América Latina, 57 mil; na Europa Ocidental e Central, 9,3 mil; na Europa Oriental e Ásia Central, 90 mil; na Ásia Oriental, 60 mil; na Ásia Meridional e Sul-oriental, 270 mil; no Norte da África e Oriente Médio, 25 mil; na África Subsaariana, 1,2 milhões; e na Oceania, 1,3 mil.

O coordenador do Unaids no Brasil, Pedro Chequer, explicou que o alto número de pessoas com HIV no mundo é reflexo da queda das mortes provocadas pela doença, sobretudo em razão da ampliação do acesso a medicamentos antirretrovirais. Segundo ele, a América Latina aparece como pioneira no acesso aos medicamentos antirretrovirais, seguida pela região do Caribe e pela África Subsaariana.

“São pessoas que estão vivendo mais e não morrendo, como antes”, disse Chequer. Ele comentou que esta é a primeira vez que a ONU publica um relatório com uma perspectiva positiva, de que poderemos alcançar em 2015 o controle da epidemia”, completou. O coordenador destacou a queda de registros da doença na África Subsaariana, resultado pouco esperado diante das perspectivas apresentadas nos anos 1980 e 1990. Mas ressaltou que a doença avança na Rússia e na Ásia Central.

Chequer alertou também que as mulheres representam quase a metade do contingente de pessoas que vivem com HIV no mundo. Segundo ele, há preocupação, em particular, com as novas infecções entre mulheres e homossexuais jovens.

Em 2011, 8 milhões de pessoas receberam tratamento em países de baixa e média renda, um aumento de 1,4 milhão em relação ao ano anterior. Ainda assim, o número representa 54% das 14,8 milhões de pessoas que precisam ser tratadas na região.

“Parte desta vitória se deve ao Brasil porque, já nos anos de 1990, adotou uma política de governo que passou a ser política de Estado e se mantem de maneira firme, independentemente da situação adversa da economia”, avaliou Chequer.

O relatório indica que 82 países aumentaram em mais de 50% os investimentos nacionais no controle e prevenção da aids entre 2006 e 2011. Países de baixa e média renda, juntos, representaram investimentos de US$ 8,6 bilhões no ano passado, um aumento de 11% em relação a 2010.

Os gastos públicos internos em países da África Subsaariana, por exemplo, cresceram 97% nos últimos cinco anos, enquanto os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) aumentaram os gastos nacionais públicos em mais de 120%.

Já o financiamento internacional permanece no mesmo nível de 2008, totalizando US$ 8,2 bilhões, sendo que os fundos disponibilizados pelos Estados Unidos representam cerca de 48% da assistência internacional para a aids.

Sobre o medicamento Truvada, aprovado nesta semana pelo governo norte-americano como alternativa para prevenir a infecção pelo HIV, o coordenador do Unaids ressaltou que o remédio está sendo divulgado como uma espécie de panaceia e que é preciso ter cautela.

“Temos outras pesquisas com maior relevância no sentido do controle da epidemia do que esta”, disse, ao destacar um estudo que indica a eficácia do tratamento antirretroviral como forma de prevenir a infecção entre casais em que um dos parceiros tem aids. “Não podemos comemorar [o Truvada] como um milagre”, completou Chequer.

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