Médicos param em todo o país por reajuste de consulta de convênio

São Paulo – Cinco meses após a primeira paralisação, os médicos voltaram a suspender nesta quarta-feira (21) o atendimento aos beneficiários de planos de saúde. Os profissionais deixaram de atender […]

São Paulo – Cinco meses após a primeira paralisação, os médicos voltaram a suspender nesta quarta-feira (21) o atendimento aos beneficiários de planos de saúde. Os profissionais deixaram de atender consultas de algumas operadoras em 23 estados e no Distrito Federal. Na paralisação, de 24 horas, não foi incluído o atendimento às urgências e emergências. Os clientes afetados podem remarcar as consultas. A categoria pretende pressionar as operadoras de saúde a negociar reajustes nos honorários e na remuneração fixa anual e o fim da interferência das empresas na autonomia dos médicos.

As reivindicações do movimento baseiam-se principalmente na alegação de que o valor aceitável de repasse por consulta médica é R$ 80. Atualmente, a média de pagamento por atendimento no estado é R$ 27. Dados apresentados pelas entidades mostram que na última década o valor pago aos especialistas subiu 44%, enquanto os reajustes dos planos ao consumidor chegaram a 133%.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa os 15 maiores grupos de empresas de saúde privada do país, informou em nota, ter formalizado uma nova proposta de remuneração à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). De acordo com a nota, a ideia é que os procedimentos médicos sejam agrupados, e todos os pertencentes a um mesmo grupo tenham valor nivelado pelo mais alto. A federação informa que continuam sendo respeitadas as tabelas particulares de cada plano, estimulando a livre concorrência.

Porém, as entidades participantes do movimento em São Paulo dizem desconhecer a proposta citada pela federação. “Nosso objetivo é estabelecer acordos, mas não fomos procurados para negociar”, disse o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Cid Carvalhaes.

No estado de São Paulo, os médicos não atenderam pacientes conveniados de 11 planos de saúde. A mobilização, organizada pela Associação Paulista de Medicina (APM), pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e Sindicato dos Médicos, teve início em abril, quando houve a primeira interrupção nacional nos atendimentos. À época, a adesão chegou a 80% dos profissionais paulistas, segundo o Simesp. Desde então, os médicos têm paralisado, de maneira escalonada por especialidades, as consultas e os procedimentos pelos planos de saúde. O rodízio atingiu cinco operadoras. Na ação desta quarta, a estimativa é de que a adesão tenha atingido 80% da categoria.

Advertência

“Essa medida é mais uma advertência às empresas que não negociaram, ou que o fizeram de forma insatisfatória. Baseados nos avanços de negociações obtidos, serão traçados os novos rumos do movimento”, afirmou Carvalhaes. Segundo ele, o aumento do número de empresas atingidas em relação ao do período de rodízio se deve ao não cumprimento por parte das operadores dos prazos de negociação.

 Os médicos paulistas não atenderam aos planos  Ameplan, Golden Cross, Green Line, Intermédica, Notre Dame, Prosaúde, Blue Life, Dix Amico, Medial, Geap e Volkswagen.  Serão interrompidos apenas os atendimentos de consultas e procedimentos eletivos. Atendimentos de urgência estão mantidos.

No Rio de Janeiro, pelo menos 10 mil deles aderiram à paralisação. O número representa 90% dos profissionais credenciados a planos de saúde no estado, segundo cálculos do Conselho Regional de Medicina (Cremerj).

No final da manhã desta quarta, alguns representantes do movimento se reuniram em frente à sede da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na capital fluminense, para pressionar e exigir que a entidade reguladora intervenha no reajuste dos valores repassados pelas operadoras aos profissionais de saúde.

No Paraná, cerca de 10 mil médicos, de um total de 19 mil, aderiram ao movimento. O estado é uma das unidades federativas em que os profissionais deixaram de atender consultas de todas as operadoras. O atendimento nas emergências foi mantido.

Segundo a Comissão Estadual de Honorários Médicos, composta por membros da Associação Médica do Paraná (AMP), do Conselho Regional de Medicina (CRM) e do Sindicato dos Médicos, até agora nenhuma operadora chegou a um acordo.

Em Brasília, a suspensão do atendimento médico surpreendeu muitas pessoas que tinham consulta marcada. No Distrito Federal, clientes de quatro operadoras (Amil, Bradesco, Golden Cross e SulAmérica) tiveram de remarcar o atendimento.

A aposentada Maria da Conceição Rocha, 78 anos, é uma das pessoas que não conseguiram ser atendidas. Ela tinha consulta agendada com um ortopedista. “Estava com essa consulta marcada desde a metade de agosto, não sei mais quando vou conseguir marcar outra. É uma dificuldade muito grande conseguir médico bom nessa especialidade, quando consigo tem paralisação. Isso é um desrespeito e falta de compromisso com os pacientes.”

Com informações da Agência Brasil

Leia também

Últimas notícias