Alzheimer cresce no Brasil entre idosos, mas fatores de risco podem ser reduzidos

Especialista explica que hábitos alimentares saudáveis, convívio com amigos e leitura ajudam a evitar a doença

Rio de Janeiro – No Dia Mundial do Alzheimer, nesta quarta-feira (21), o médico André Palmini, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), ressalta que, embora não haja dados precisos sobre a doença, ela começa a evoluir no Brasil, como resultado do maior desenvolvimento do país. Com isso, a expectativa de vida da população tem aumentado.

Palmini lembra que o principal fator de risco do Alzheimer é a idade. “As pessoas têm vivido mais no Brasil. A população brasileira está se aproximando daquela de países mais desenvolvidos. Isso quer dizer que o percentual de pessoas que atingem uma faixa etária acima de 70 anos ou 75 anos tem avançado proporcionalmente muito mais do que nas outras faixas etárias.”

Segundo ele, a doença está crescendo em números absolutos no Brasil, “tornando-se um problema real de saúde pública”. De acordo com o neurologista, em todo o mundo, a prevalência de pacientes com Alzheimer se aproxima da de pacientes com epilepsia, atingindo em torno de 50 milhões de pessoas. Palmini ressalta que, no passado, a distribuição era muito desproporcional, porque os países mais desenvolvidos apresentavam maior número de casos, uma vez que as pessoas viviam mais tempo.

Hoje, essa desproporção vem diminuindo. “O Brasil passa a pertencer ao grupo de países desenvolvidos e isso se torna um problema importante.” A medicina tem tentado identificar os fatores que aumentam ou diminuem a probabilidade de pessoas idosas terem Alzheimer.

Fatores de proteção estão ligados aos hábitos intelectuais e sociais de vida, assim como à alimentação e à atividade física. Um idoso que se mostra interessado em ler, por exemplo, aumenta o que em medicina se chama de reserva cognitiva. Com isso, ele retarda o aparecimento da doença, diz o médico.

Palmini também recomenda que a pessoa cultive uma rede de amigos e tenha contato com eles com frequência. Segundo o especialista, estudos comprovam que “quanto mais limitado o círculo social do idoso, maior a probabilidade de ele ter Alzheimer. Quanto mais ampla essa rede social, maior a proteção”.

O neurologista salientou que os fatores mais caracterizados como redutores de risco do Alzheimer são os hábitos de alimentação e atividade física. A prioridade deve ser para uma alimentação saudável, que mantenha os níveis de colesterol e glicemia controlados. A pressão arterial também deve ser mantida sob o controle. O idoso que não fuma e pratica bastante exercícios físicos diminui o risco de ter a doença.

Para esta quarta estava previsto, para ocorrer no Rio de Janeiro, o lançamento do DVD Alzheimer: Mudanças na Comunicação e no Comportamento, produzido pela Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer (Apaz), em parceria com o serviço VideoSaúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a Kino Filmes.

A presidente da Apaz, Maria Aparecida Guimarães, disse que o objetivo é contribuir para diminuir o preconceito que existe no país em relação à doença e, ao mesmo tempo, chamar a atenção das autoridades para o crescimento do número de pacientes com Alzheimer no Brasil.

Fonte: Agência Brasil