Cresce número de cesarianas em São Paulo

Dados da Fundação Seade mostram que mais da metade (57,6%) dos partos realizados em 2009 foram cirúrgicos. A Organização Mundial da Saúde recomenda 15%

São Paulo – Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomende que as cesarianas não ultrapassem 15% do total de partos, em São Paulo esse percentual é muito maior. Em 2009, corresponderam a 57,6% dos partos realizados. Em 2000, eram 46,5%. O dado consta do boletim SP Demográfico, do Sistema de Estatísticas Vitais da Fundação Seade, a partir de informações enviadas pelos cartórios.

O indicador alarmante para a saúde reprodutiva, segundo o relatório, é maior na região de São José do Rio Preto, onde passou de 65,6% para 80,1% no mesmo período. Na região metropolitana, o índice subiu de 45,8% para 52,9%.

O número é alto quando comparado ao do resto do país. O documento Saúde no Brasil, escrito pelos maiores pesquisadores brasileiros do setor, publicado em maio pela revista britânica The Lancet, mostra que em 2008 o índice de cesarianas no Brasil era 48,8% – também é elevado para os padrões internacionais.

A prática, que é desnecessária na ampla maioria dos casos, é condenada pelas autoridades de saúde dos países mais desenvolvidos porque expõe a mulher a riscos inerentes a todo procedimento cirúrgico. Pesquisas recentes mostram que as cesarianas são realizadas com mais frequência em horários diurnos e em dias úteis, sugerindo que esse tipo de parto é mais conveniente para os médicos.

O relatório da Fundação Seade, no entanto, mostra redução na taxa de fecundidade no Estado. Em 2009, chegou a 1,7 filho por mulher, o que representa metade da registrada em 1980, quando era 3,4. A redução é maior entre as mais jovens, com menos de 30 anos. Em 2000, de cada mil paulistas com 15 a 19 anos, 77 tornavam-se mães, número que caiu para 55 em 2009. A redução é de 29%.

Com base nesse levantamento, a Secretaria Estadual de Saúde chegou a uma estimativa de que a gravidez na adolescência tenha caído 37% nos últimos 11 anos, passando de 148.018 casos em 1998 para 92.812 em 2009. Para anunciar esse resultado positivo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve na manhã desta terça-feira (26) no Hospital das Clínicas (HC).

Na companhia do secretário Giovanni Guido Cerri, da Saúde, e de Albertina Duarte, coordenadora do programa Saúde do Adolescente, ele inaugurou instalações dos centros de reprodução humana e de diagnósticos em gastroenterologia do HC. Segundo Albertina, a redução se deve a um conjunto de ações da secretaria, como a capacitação de profissionais, programas educativos voltados ao adolescente e a distribuição de preservativos e contraceptivos em todo o estado.