Saúde no Brasil é tema da publicação mais influente do mundo na área

Em 108 páginas, revista britânica publica volume especial com seis artigos que detalham a saúde dos brasileiros. Alto número de abortos ilegais e de mortes por violência está entre os pontos críticos

São Paulo – A saúde e a assistência médica da população no Brasil são amplamente discutidas em seis artigos publicados recentemente na revista britânica The Lancet. O volume, intitulado “A saúde dos brasileiros”, é assinado por 29 especialistas em saúde pública de instituições acadêmicas e de pesquisa do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra.

Os textos, publicados em português e inglês, descrevem a história da assistência médica no  país, dando ênfase ao Sistema Único de Saúde (SUS), implementado em 1988. São apontadas melhoras significativas desde então.

Cesar Victora, epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas, um dos autores, afirma que o principal sucesso é o fato de que toda a população pode ter acesso à saúde pública, o que não é comum em outros países como o Brasil. Entre os dados positivos para o país apresentados pelos autores estão o programa de vacinação e a redução significativa de mortes causadas pela doença de Chagas, esquistossomose, diarreia, cólera e Aids.

No entanto, o documento recomenda que as estratégias de redução de mortalidade sejam aprimoradas principalmente em municípios de pequeno e médio porte. E ressalta desafios, como o controle da dengue e da leishmaniose; o alto número de abortos ilegais e o excesso de medicação nos partos.

Os autores destacam ainda o aumento da incidência da obesidade e suas complicações, como diabetes, infarto e derrame, bem como o alto número de mortes violentas causadas por crimes ou acidentes. E chamam a atenção para a necessidade de elevação dos investimentos em saúde, melhoria da infraestrutura e controle a publicidade de alimentos infantis, tabaco, açúcar e outros produtos prejudiciais.

O texto sugere também a promoção de ações em conjunto com os trabalhadores de saúde, universidades, instituições de pesquisa e formação, setor privado e sociedade civil. Com a participação ativa desses atores, segundo os artigos, seria possível estender o direito à saúde para toda a população brasileira.

A pesquisadora Maria do Carmo Leal, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, vinculada à Fiocruz, é coautora de um dos capítulos. Ela explica que o atual bom momento do Brasil na economia e na política global explica o interesse da revista em fazer em publicar o volume.

Para acessar o documento, clique aqui.

Com informações da Agência Fapesp e Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

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