Kassab vai demitir agentes de prevenção à dengue, diz sindicato

Sindicato da categoria afirma que mil trabalhadores estão na lista de demissão e teme pelo aumento do já crescente número de casos da doença

(Foto: Fabio Capote/Folhapress)

São Paulo – A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo vai demitir agentes de apoio de zoonoses, que vão de casa em casa orientar a população quanto à necessidade de prevenção da dengue.

Pelas contas do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município (Sindsep), serão mil os demitidos já a partir de 5 de junho, quando termina a vigência de seus contratos. “Com a medida, a prefeitura coloca em risco a saúde da população”, diz João Batista Gomes, secretário-geral da entidade.

Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, até o final de abril foram registrados mais de 1.800 casos de dengue somente na capital. No Estado de São Paulo, o número de mortes em 2010 é recorde. O número de infectados chega a 74,8% do registrado em 2007. Pelo menos 55 pessoas já morreram por causa da doença.

Desde o início do ano, o Ministério da Saúde alertou as populações de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Roraima, Tocantins e Piauí sobre os riscos de uma possível epidemia do vírus tipo 1.

O dirigente do Sindsep diz que o serviço de apoio de zoonoses conta com cerca de 2.500 agentes. “Se já é difícil fazer o atendimento em toda a cidade com 2.500, imagine então com 1.500”, diz Gomes.

Além da equipe reduzida, o sindicalista aponta outro problema: as condições inadequadas de trabalho. A prefeitura cortou o transporte e faltam uniformes e botas. “Outro exemplo do descaso é a distribuição de protetores solares com data de validade vencida aos agentes que atuam nas ruas, e o desmonte das unidades de zoonoses nos bairros, que abrigavam esses servidores, estão sendo desmontadas.”

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde se limitou a divulgar nota oficial. Segundo o texto, foram realizados todos os esforços possíveis para manter os agentes. No entanto, exigências administrativas e legais impedem a prorrogação do contrato desses trabalhadores. Por isso, segundo o informe da pasta, “não se trata de demissões, mas encerramento de um contrato que tinha prazo para acabar”.

Ainda segundo a nota, o controle da dengue não corre risco. Dos 438 temporários que têm seus contratos para vencer, 113 foram aprovados no concurso realizado em 2008 e 48 já estão trabalhando. E há ainda os 1542 agentes cursados. “Não há e não haverá, portanto, qualquer prejuízo ao trabalho cotidiano de prevenção também executado pelos 5,7 mil agentes de saúde do Programa Saúde da Família”.

 

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