Quase metade dos fumantes pensa em largar o cigarro ao ver imagens nos maços

Pesquisa internacional realizada pela primeira vez no Brasil foi divulgada nesta quarta-feira (27) pelo Inca, como parte da comemoração do Dia Mundial sem Tabaco (31/5)

50% dos fumantes e 28% dos não fumantes reparam nas imagens (Reprodução)

Dados da pesquisa ITC Project, realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), mostram que quase metade dos fumantes (48,2%) ficam mais propensos a deixar de fumar quando vêm as advertências nos maços de cigarros. As imagens também impediram 39,1% dos fumantes de pegar um cigarro quando estavam prestes a fazê-lo.

Para 61,6% dos fumantes e 83,2% dos não fumantes, as advertências os fizeram pensar um pouco ou muito sobre os riscos provocados pelo tabagismo à saúde. A pesquisa foi divulgada parcialmente nesta quarta-feira (27) como parte das comemorações do Dia Mundial sem Tabaco, neste domingo (31).

Segundo o Inca, o país alcança bons resultados com as imagens. A aversão a elas não evita apenas o olhar, mas leva à reflexão sobre os malefícios do fumo.

A pesquisa está sendo realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, com 1.800 fumantes e não fumantes que serão monitorados durante três anos. Eles serão consultados toda vez que mudar a política de controle do tabaco no país. A primeira etapa termina neste semestre.

No começo do ano que vem começa a segunda fase, quando serão avaliados os impactos das imagens que começarão a ser veiculadas neste mês de maio.

Já foram ouvidos 345 moradores do Rio (140 fumantes e 205 não fumantes); 160 de São Paulo (71 e 89), e 212 em Porto Alegre (110 e 102).

Dados parciais

91,8% dos fumantes não começariam a fumar, se pudessem voltar atrás

50% dos fumantes e 28% dos não fumantes reparam nas imagens de advertência
dos maços frequentemente ou muito frequentemente

32,7% dos fumantes leram ou olharam atentamente para as advertências dos rótulos frequentemente ou muito frequentemente

43,8% dos fumantes fizeram esforço para evitar olhar ou pensar sobre as advertências

O Inca realiza o ITC Project com a Universidade de Waterloo, do Canadá, sob a coordenação de Goefrrey Fong. É a primeira pesquisa multinacional sobre política de controle do tabaco, que pretende medir o impacto psicossocial e comportamental dos pontos-chave da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, do qual o Brasil é signatário. Os dados brasileiros poderão ser comparados com os de outros 16 países.

O estudo mostra que aproximadamente dois terços dos fumantes do mundo vivem em dez países (China, Índia, Indonésia, Rússia, Estados Unidos, Japão, Brasil, Bangladesh, Alemanha e Turquia).

De todos os países onde o ITC Project é realizado, os fumantes do Brasil têm a segunda maior intenção de parar de fumar, perdendo apenas para os dos países baixos. Na intenção de parar de fumar em seis meses, o Brasil lidera a lista.

Segundo Goefrrey Fong, um problema da baixa taxa de observação das advertências no Brasil (50% dos fumantes e 28% dos não fumantes reparam nas imagens frequentemente ou muito frequentemente) deve-se ao fato de as imagens estarem apenas no verso das embalagens.

Fong faz recomendações ao Brasil com base bos dados parciais do ITC Project: manter o programa de pesquisa que está produzindo advertências sanitárias com liderança mundial; criar e revisar políticas baseadas em evidências.

O coordenador propõe que na próxima rodada de revisões, o país coloque advertências sanitárias na frente da embalagem, não apenas no parte de trás. Além disso, deve certificar-se de que jovens, fumantes e não-fumantes sejam expostos tanto quanto possível às advertências e deve-se considerar a proibição da colocação de displays nos pontos de venda.

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