Editorial

Obama e a raposa

Jim Bourg/REUTERS Obama e o apresentador da Fox News Bill O’Reilly: canal não faz jornalismo “de verdade” “A  rede Fox está em guerra contra Barack Obama. Não precisamos fingir que […]

Jim Bourg/REUTERS

Obama e o apresentador da Fox News Bill O’Reilly: canal não faz jornalismo “de verdade”

“A  rede Fox está em guerra contra Barack Obama. Não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha é jornalístico. Quando o presidente fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa propriamente dita. O presidente já sabe que estará debatendo com um partido da oposição. Rupert Murdoch tem talento para fazer dinheiro, e eu entendo que sua programação é voltada a fazer dinheiro. Só o que argumentamos é que seus veículos não são um canal de notícias de verdade. E nós vamos tratá-los assim.” Essa declaração da diretora de Comunicação da Casa Branca, Anita Dunn, mostra que o presidente norte-americano, Barack Obama, comprou briga contra a Fox News, a qual considera braço do partido republicano. O presidente não dá mais entrevista à emissora nem lhe envia mais informações oficiais. Como se lê na nota, a questão não é a crítica, mas o comportamento geral e permanente daquilo que os jornalistas chamam de mídia neoconservadora. O principal assunto que motivou o confronto foi a discussão sobre a reforma no sistema de saúde. Lá, inexiste sistema público, tudo é privado e caro.

O partidarismo das empresas de comunicação ocorre em toda a América Latina. No Brasil, nos últimos anos, vários profissionais denunciam a existência de um Partido da Imprensa Golpista (PIG) e de um Programa Unificado da Mídia (PUM). O golpismo refere-se à campanha enredada a partir de 2005 para derrubar o presidente Lula, mais os ataques viscerais contra tudo o que se refere a social, sindical, popular, de esquerda, progressista, para negros, índios, desenvolvimentismo, cotas, bolsas, seja lá o nome que se dê a qualquer coisa que não o Estado reassumindo responsabilidades para dar às sociedades respostas que o mercado e o mundo privado não deram. Toda essa articulação em escala mundial pode ser explicada pelo fracasso do modelo neoliberal, o reflorescimento das políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades, do alinhamento entre países do Hemisfério Sul, do crescimento econômico no Terceiro Mundo a partir de uma lógica socialmente inclusiva. A crise mundial, a derreter a ideia de que a desregulamentação de mercados seria melhor para o crescimento, foi o mais duro golpe nessa ideologia superada. A reação a Obama confirma a articulação midiática neoconservadora, estimula o trabalho de denúncia contra as raposas por aqui e ajuda na construção de uma nova mídia para um novo Brasil, da qual a Rede Brasil Atual se orgulha de fazer parte.