Resumo

Torturadores

ROBERTO VINíCIUS/ae Yeda: ignorância da história do país e da situação do ensino no Rio Grande do Sul O Movimento pela Abertura dos Arquivos da Ditadura Militar do Rio Grande […]

ROBERTO VINíCIUS/ae

Yeda: ignorância da história do país e da situação do ensino no Rio Grande do Sul

O Movimento pela Abertura dos Arquivos da Ditadura Militar do Rio Grande do Sul divulgou carta endereçada à governadora do estado, Yeda Crusius, sobre ter chamado de “torturadores” os professores que faziam manifestação em frente à sua casa no dia 16 de julho. Na carta, o Movimento afirma: “A declaração atinge também todos os cidadãos brasileiros, vítimas diretas ou indiretas dos crimes cometidos por torturadores ao longo da história. A utilização deste termo é uma total falta de conhecimento histórico e um grande desrespeito à memória do país. A senhora comparou uma classe trabalhadora a pessoas que cometeram crimes, e que estão por aí, impunes. A senhora sentiu-se intimidada pela manifestação que impediu o direito de ir e vir de seus netos. Seus netos, senhora governadora, provavelmente não saibam o estado em que se encontra a educação pública no Rio Grande do Sul. Não devem fazer ideia do que seja passar trimestres sem uma disciplina por falta de professor; ou estudar em turmas com 50 alunos, por causa do enturmamento promovido pela senhora; ou encontrar professores desmotivados pela miséria que é paga todos os meses. Estes, sim, são torturados”.

Ainda o retrovisor

A Volkswagen em São Bernardo do Campo já contratou 530 trabalhadores este ano e efetivou outros 670 temporários. A produção cresceu 9% de janeiro a maio e a montadora prepara novos lançamentos. Outra do mundo automotivo que nos últimos meses esteve sempre associada a más notícias, a General Motors anunciou investimentos de R$ 2 bilhões no país. Metade com recursos próprios e o restante via empréstimos de bancos públicos – Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento Econômico do Extremo Sul (RS, SC e PR) e BNDES. Da planta de Gravataí (RS), onde são produzidos o Celta e o Prisma, passarão a sair dois novos carros, projetados por profissionais brasileiros.

Ah, essa crise

No ano passado, 28 bancos pagaram a seus acionistas dividendos de R$ 12,3 bilhões (média de R$ 43 milhões por instituição). Para se ter ideia da dimensão desse retorno, 311 companhias de outros setores distribuíram R$ 53,7 bilhões (média de R$ 17 milhões). Na média, os bancos foram 2,5 vezes mais lucrativos. “Nada contra dividendos, mas na hora da negociação salarial não vai dar para usar a crise como desculpa”, disse o presidente da CUT, Artur Henrique, durante a Conferência Nacional dos Bancários, citando estudos da consultoria Economática.

R$ 237 para cada um

Corresponde a esse valor para cada brasileiro o rombo de R$ 45,2 bilhões provocado pelo apagão elétrico de 2001. O cálculo é do Tribunal de Contas da União. O relatório, do ministro Walter Alencar Rodrigues, foi aprovado por unanimidade, com o voto inclusive de uma autoridade do primeiro escalão de FHC no auge da crise. O custo do não investimento do governo tucano em geração de energia pagaria, ironicamente, a construção de seis hidrelétricas das graúdas.

O aumento e o fator

Se o Congresso não travar de vez, agosto começa com a entrada em pauta de dois itens caríssimos  a quem pensa em se aposentar  e a quem já se aposentou: o fator previdenciário e o reajuste dos que ganham mais que o salário mínimo. A centrais e as organizações de aposentados são contra o emprego do fator por reduzir o benefício em relação ao salário da ativa. E o governo não admite mudanças que estimulem aposentadorias precoces.

O deputado Pepe Vargas (PT-RS), relator de proposta de mudança no cálculo do fator, acredita ter solução intermediária. Prevê que o cálculo do benefício leve em conta 70% das maiores contribuições desde 1994; atualmente, considera-se 80%. E cria a Fórmula 95/85 no lugar do fator, com benefício integral se a soma da idade mais tempo de contribuição atingir 95, para homens, e 85, para mulheres. Por exemplo, alcança benefício integral um homem com 55 anos e 40 de contribuição. Ou uma mulher com 50 de idade e 35 de contribuição.

Atualmente, um homem com 35 anos de contribuição que queira se aposentar aos 51 terá benefício 35% menor. Para receber integral, precisa contribuir mais oito anos. Com a Fórmula 95/85, esse trabalhador teria de contribuir por pouco mais de quatro anos para atingir 100% do benefício.

O problema ainda é o reajuste dos aposentados. Enquanto o salário mínimo tem sido reajustado pela inflação mais um acréscimo igual à alta do PIB, as aposentadorias maiores ficam só na correção da inflação. O governo está devendo uma proposta de aumento ral que contemple também esse segmento e deve tirar algo da cartola para valer a partir de 2010.

Um lorde…

Infelizes as empresas inglesas que mandaram lixo para o Brasil em contêineres identificados como “polímero de etileno para reciclagem”. Tiveram de arcar com a devolução das 90 toneladas de sujeiras como seringas, fraldas e preservativos usados, banheiros químicos etc., foram multadas em R$ 2,5 milhões e ainda terão de se ver com autoridades ambientais britânicas. Sempre aborrecido com as críticas dos países ricos – aos desmatamentos, ao etanol –, Lula não perdeu a chance de chutar o balde: “Eles são tão limpos e mandam para cá lixo dizendo que é para reciclar. Quem vai reciclar camisinha? Lixo hospitalar? Não queremos exportar nosso lixo e não vamos importar lixo dos outros”.

Faça o que eu faço

Maior fundo de pensão do país, a Previ, dos funcionários do BB, vai se desfazer de sua cota de 2% no capital da Souza Cruz. O fundo busca política socioambiental mais rígida a partir deste ano e quer abandonar o barco de companhias de fumo e armas. A Previ tem patrimônio de R$ 120 bilhões e recursos de R$ 60 bilhões aplicados em carteiras de ações. E integra a iniciativa da ONU Princípios para Investimentos Sustentáveis (PRI) – que tenta estimular a valorização acionária de empresas com práticas socialmente corretas. “Não dá para cobrar o que você não faz”, disse Sérgio Rosa, presidente do fundo, ao Valor Econômico.