Resumo

Está no caderninho

Em 2007, 88% das campanhas salariais pesquisadas pelo Dieese resultaram em reajustes acima da variação do INPC-IBGE. Foi o melhor índice desde o início do levantamento, em 1996. Com os […]

Em 2007, 88% das campanhas salariais pesquisadas pelo Dieese resultaram em reajustes acima da variação do INPC-IBGE. Foi o melhor índice desde o início do levantamento, em 1996. Com os reajustes equivalentes à inflação, o total chega a 96%. A pesquisa não inclui programas de remuneração variável ou de participação nos lucros ou resultados. Os números favoráveis são conseqüência de um “ambiente propício à negociação coletiva”, diz o estudo, graças a fatores como estabilidade inflacionária, crescimento econômico e queda no desemprego. Mas o Dieese lembra que ainda falta discutir uma melhor divisão desse crescimento econômico, já que os ganhos de produtividade realizados nas últimas décadas ainda não repercutiram nos salários.

Cinco anos de invasão. Valeu?

A guerra no Iraque completou cinco anos em 20 de março. E o presidente George W. Bush disse que valeu a pena: “Ninguém pode discutir que esta guerra teve um alto custo em vidas e em dinheiro, mas esses custos eram necessários quando consideramos o custo que teria a vitória de nossos inimigos no Iraque”. Valeu? Gastos de US$ 600 bilhões. Quatro mil soldados americanos e de 100 mil a 1 milhão de iraquianos mortos. Pesquisa da rede de televisão CBS revelou que 36% da população ainda apóia a invasão. A propósito, vale conferir, em DVD, os efeitos da guerra sobre o caráter dos soldados que estiveram no front. O filme No Vale das Sombras, de Paul Haggis, com Tommy Lee Jones e Susan Sarandon, mergulha com simplicidade e brilhantismo nesse universo.

Sérgio de Souza

O bom jornalismo brasileiro perdeu no dia 25 de março um de seus mais respeitados combatentes: Sérgio de Souza, participante de alguns dos principais projetos de comunicação desde os anos 60 até a criação da revista Caros Amigos, na década passada. “A geração de jornalistas da qual Sérgio de Souza foi um dos grandes nomes levou muitos de nós, os mais novos, a atuar na profissão com entusiasmo e respeito profundo à missão de contar o mundo. Contar dores e felicidades, desesperanças e lutas, injustiças e vitórias, enfim, as coisas da qual a vida é feita”, escreveu Verena Glass, na Carta Maior. Na Folha, Juca Kfouri enfatizou a qualidade do editor. “Quando Bertolt Brecht escreveu que havia homens imprescindíveis porque lutavam a vida inteira, certamente pensou em alguém como o jornalista Sérgio de Souza… São raros os textos assinados por ele, embora alguns dos melhores já publicados país afora tenham a marca de seu lápis cuidadoso e perfeccionista, sensível e voltado para um mundo melhor.”

Febre anunciada

O Exército montou hospitais-tenda e médicos de outros estados foram para o Rio tentar reforçar o atendimento às vítimas da epidemia de dengue. E ainda precisou de intervenção da Justiça para que se determinasse a abertura de todos os postos públicos de saúde nos fins de semana. O governador Sérgio Cabral já havia pedido ao município que mantivesse ao menos metade das unidades funcionando. Mas veio da 18ª Vara de Justiça, atendendo a uma ação movida pelo defensor público da União André Ordacgy, a ordem para a abertura dos postos e o fornecimento de equipes médicas. A Defensoria pede também, em outra ação ainda em análise, indenização por danos morais e materiais às famílias dos mortos (R$ 300 mil mais pensão vitalícia).

Febre investigada

O Ministério Público Federal aceitou investigar a denúncia de que alguns órgãos da mídia brasileira teriam causado alarmismo em relação a uma epidemia urbana de febre amarela. Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem Mídia (MSM), quer que o MP apure “se houve crime de alarma social sobre epidemia inexistente de febre amarela urbana, que teria sido praticado por vários grandes jornais, revistas e tevês”, desde janeiro do ano passado. De acordo com o movimento, a mídia não teria informado corretamente sobre os riscos para as pessoas que se submeteram a “overdoses” de vacina contra a doença. Caso o MPF acolha o apelo do MSM, poderão ser denunciados na Justiça os grupos Folha, Estado, Globo, Jornal do Brasil, Abril, Editora Três e Correio Braziliense.

Pressão pela expropriação

Depois de realizar manifestação em Brasília no dia 12 de março, o Movimento Nacional pela Aprovação da PEC 438 e pela Erradicação do Trabalho Escravo passou a colher assinaturas populares a um documento que amplie a pressão sobre o Congresso. O projeto, que já foi aprovado no Senado e está parado na Câmara desde 2004, prevê a expropriação de áreas onde houver escravidão. O documento pode ser assinado por meio eletrônico no endereço www.reporterbrasil.org.br/abaixo-assinado.php. O próprio presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, considera que a pressão pode contribuir para a causa andar.

Centrais reconhecidas

Na noite de 11 de março, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto nº 1.990/2007, que reconhece formalmente a existência das centrais sindicais. Pelo texto, uma central tem como atribuições “exercer a representação dos trabalhadores, por meio das organizações sindicais a ela filiadas” e “participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores”. É um marco legal e histórico. Agora, é cumprir o compromisso assumido pelas centrais: aprovar um mecanismo para substituir, definitivamente, o imposto sindical.