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Geladeira conserva livros e serve cultura

Geladeira Cultural integra arte e literatura em comunidades carentes de Pernambuco

Jesus Carlos/Imagemglobal

Geladeira Cultural parte do objetivo simples de levar literatura às crianças e jovens das periferias

Periferia. Cidadania. Movimento. Some as palavras que conhecer, os adjetivos e substantivos, verbos e pronomes. Some as línguas e linguagens, escritas, sonoras e visuais, também as táteis e as sensoriais. Está tudo na cultura. É costume, é arte, é saber. É cotidiano. Bem-vindo à Geladeira Cultural de Pernambuco. O equipamento é um produto do Movimento Social Periferia & Cidadania, uma das ações de maior penetração nas periferias de Recife, Olinda e Jaboatão, presente em 35 centros sociais e culturais, associações de bairro, grupo de capoeira e escolas dessas cidades.

A Geladeira Cultural parte do objetivo simples de levar literatura às crianças e jovens das periferias. Várias são as cidades do Brasil que não têm uma biblioteca pública, e Pernambuco não é exceção. Agora, escola sem biblioteca pode parecer raro, mas nas comunidades periféricas não faltam somente bibliotecas. Não há praças, não há campos ou quadras de futebol. “O que é que um jovem vai fazer numa situação dessa? Que saída ele tem? Que tipo de ocupação ele vai desenvolver?”, questiona Sérgio Santos, criador e coordenador do projeto.

As geladeiras vêm de oficinas, ferros velhos, na maioria das vezes são compradas, algumas são doadas por moradores dos bairros onde Sérgio mantém algum tipo de trabalho social. Os livros vêm de doações. Transformadas em bibliotecas, levam cultura e lições de cidadania para as periferias do Grande Recife.

De posse da geladeira, o primeiro passo é mobilizar os jovens da localidade para a confecção e montagem do equipamento. Sprays de tinta são as primeiras armas utilizadas. De posse dos tubos de tinta, os jovens vão tecendo cores por todos os cantos da nova biblioteca. “Isso faz com que eles se identifiquem com o bem, que cuidem e valorizem o equipamento”, observa Santos.

Grafites feitos, tinta seca, todos juntos conduzem a Geladeira Cultural para o local onde será instalada, e entre 120 e 150 títulos são dispostos nas prateleiras e compartimentos. “De tempos em tempos fazemos um rodízio de acervo entre cada Geladeira Cultural instalada”, destaca o autor do projeto. E o mais importante: muitas outras atividades culturais vão surgindo em torno do novo bem público.

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