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Operacão Condor: memórias latinas no MAM do RJ

Fotógrafo português João Pina retrata ‘Operação Condor’. E mais: Racionais, Noel Rosa e músicas de novelas nas dicas do mês

João Pina/Divulgação

Avião usado pela ditadura argentina para atirar militantes de esquerda, ainda vivos, no mar

Em 1975, no auge da Guerra Fria, seis países latino-americanos governados por militares de extrema-direita se uniram para aniquilar a oposição política, que eles chamavam de “ameaça comunista”. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai fizeram parte dessa tenebrosa aliança que o fotógrafo português João Pina apresenta na exposição Operação Condor, em cartaz no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro até 22 de fevereiro. A mostra reúne 113 imagens que documentam histórias de brasileiros e sul-americanos diretamente afetados pelas ditaduras. As fotografias em branco e preto são apresentadas em oito séries: Brasileiros, Retratos, Paisagens, Laboratório, Prisões, Julgamentos, Salas de Tortura e Arquivos.

João Pina/DivulgaçãoJoao Pina montagem
Patologista transporta restos mortais de um possível guerrilheiro brasileiro (alto); militares argentinos escondem rosto durante julgamento; e celas do campo de concentração de Emboscada, no Paraguai

Pina dedicou uma década a pesquisas em arquivos, entrevistas e produção de retratos de antigos presos políticos, de parentes de vítimas da ditadura e de antigos centros de detenção. Além da exposição, esta extensa e dolorosa pesquisa também rendeu ao fotógrafo o livro Condor (Ed. Tinta da China, 246 págs.), lançado no final de 2014. “A série Operação Condor vai muito além de imagens documentais. Elas falam de ausência, da perda do que é irrecuperável, da procura de identidades desaparecidas e ainda sem explicação, da dor dos que deixaram de conviver com familiares e amigos, do corte seco que levou para sempre os que tiveram a liberdade tolhida nos anos da ditadura. É mais que uma exposição: é um documento sobre cicatrizes”, afirma o curador da exposição, Diógenes Moura. Em cartaz no MAM de terça a sexta, das 12h às 18h, e aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h, na Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo, tel. (21) 3883-5600. R$ 7 e R$ 14.

Cores e valores dos Racionais

Racionais

Doze anos depois do álbum Nada Como Um Dia Após o Outro, o mais emblemático grupo de rap do Brasil lançou Cores & Valores. As críticas sociais continuam lá, o tom invocado, típico dos Racionais MC’s, também. O que mudou foi o país, como evidencia a faixa Eu Compro: “Eu quero, eu compro/ E sem desconto/ À vista/ Mesmo podendo pagar, podem ter certeza que vão desconfiar”, diz a letra, em uma referência ao aumento do poder de compra dos menos favorecidos ocorrida nos últimos anos. A Escolha que Eu Fiz trata da prisão de um assaltante e A Praça relembra a enorme confusão ocorrida no show do grupo na Virada Cultural de 2007. Com 15 faixas e 35 minutos, Cores & Valores é um álbum curto, mas potente na forma e na mensagem. Disponível para download na loja digital Google Play por R$ 9,99 e para audição gratuita no canal do grupo no YouTube.

Poeta da Vila para crianças

NoelAssim que o compositor Noel Rosa morreu, em maio de 1937, ele chegou ao céu e, achando que estava no lugar errado, deu meia volta. São Pedro logo o chamou de braços abertos. Na história de Memórias Póstumas de Noel Rosa – Uma Longa Conversa entre Noel e São Pedro num Botequim lá do Céu (Cia. das Letrinhas, 152 págs.), de Luciana Sandroni e Clara Barbosa, o Poeta da Vila só tem uma exigência para ficar por lá: uma mesa de botequim e um violão. “Se não, não fico aqui nem morto!” Espertinho, São Pedro aceita, mas em contrapartida pede que Noel anime as festas do céu. A biografia ficcionalizada tem ilustrações de Gustavo Duarte, além de um glossário e partituras de 12 canções do sambista carioca. R$ 45.

capa-alta.jpgMúsica e novela

Em Teletema (Ed. Dash, 512 págs.), os autores Guilherme Bryan e Vincent Villari uniram duas paixões nacionais: música e novela. Dividida em dois volumes, a obra comenta todas as trilhas musicais de produções de teledramaturgia já lançadas no Brasil. Apesar de ser ilustrado com mais de 300 capas de discos, o livro não é um almanaque e sim um estudo aprofundado sobre a importância da música para a teledramaturgia e vice-versa. No primeiro volume, pronto no final de 2014, o livro cobre o período de 1964 a 1989 e traz cerca de 220 novelas, além de muitas histórias de bastidores e depoimentos de músicos e de responsáveis pelas trilhas musicais. R$ 69.