entrevista

Trabalhadores dão vida aos livros de Luiz Ruffato

De origem pobre no interior de Minas, escritor faz de trabalhadores urbanos e subempregados seus protagonistas. Para ele, a democracia só será plena com educação

regina de grammont/rba

Com tranquilidade, Luiz Ruffato dribla a provocação: como pode alguém nascido em Minas Gerais e morador de São Paulo ser torcedor do Flamengo? Se ainda fosse o Botafogo do Paraíso, bairro de Cataguases, onde ele nasceu, em 1961… Mas também tinha o Flamenguinho cataguasense. Que teve como goleiro, conta, o futuro cineasta Humberto Mauro. Outra referência cinematográfica anda pelo próprio apartamento do escritor: é o gato mais velho, Federico Felino, parceiro de Sky.

A segunda questão é mais difícil de responder. Antes de se tornar escritor, conhecido fora do país – talvez mais do que aqui, a ponto de fazer 40 viagens nos dois últimos anos –, Luiz Ruffato foi ajudante de pipoqueiro (o pai, Sebastião), caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário de indústria têxtil (na fábrica Apolo, no setor de algodão hidrófilo), gerente de lanchonete, vendedor de livros, torneiro-mecânico e jornalista. Aos poucos, como poderia dizer o também mineiro Carlos Drummond de Andrade, foi penetrando surdamente no reino das palavras, embora seu primeiro contato com um livro tenha sido traumático.

Luiz conta que, de algum jeito, sabia que seria escritor. Algo muito distante de sua realidade pobre, com pai pipoqueiro e mãe lavadeira, na pequena Cataguases, uma cidade com divisões sociais bem definidas: a burguesia, a classe média, o operariado, o lúmpen. Assim, fazer o curso de tornearia mecânica no Senai significava um grande passo. “Era algo como sair da pobreza extrema para a pobreza”, lembra.

Por isso, entende-se o susto da mãe, dona Geni, quando o adolescente Luiz viu uma novela, O Feijão e o Sonho (1976), e disse que seria escritor. Ele queria ser como o protagonista (Cláudio Cavalcanti), que sonhava em se dedicar apenas à poesia, mas tem uma esposa (Nívea Maria) pragmática e, com problemas financeiros, tem de trabalhar para sustentar a família.

Para construir o sonho, Luiz foi atrás do feijão. E tornou-se, talvez, o primeiro escritor brasileiro a pôr em primeiro plano o porteiro, o faxineiro, a balconista – ressaltando o caminho aberto por Roniwalter Jatobá –, com a preocupação de não “rebaixar” a linguagem e nem idealizar o trabalhador. Para ele, esse mundo não aparece mais na literatura brasileira porque o país, e não só os autores, despreza o trabalho.

O livro Eles eram muito Cavalos, de 2001, tornou o escritor, então com 40 anos, conhecido fora do Brasil, premiado e com traduções em alemão, espanhol, francês, inglês e italiano. Ele conta que o romance nasceu a partir da observação de um monte de calçados velhos em uma exposição de artes.

O escritor vê melhoras no país nos últimos, mas aponta um elemento central: a educação. Hoje, ele diz que trocaria qualquer programa por uma política de educação de qualidade para todos. E confessa certa esquizofrenia nessa questão. Por um lado, vê um ensino público (e também privado) muito ruim. De outro, destaca iniciativas como a de Otávio Júnior, o chamado “livreiro do Alemão”, no Morro do Alemão Rio de Janeiro, criador de um projeto de bibliotecas no complexo de favelas. “Um moleque carregando um monte de livro pra criança numa caixa de plástico, no meio do tiroteio. Fazendo isso sem receber nada, fazendo porque gosta. Como ele, conheci vários. Não sei, é muito esquizofrênico. Esse país é esquizofrênico.”

 

Este foi um dos lados perversos do golpe? A gente costuma falar das prisões, torturas, mas e a educação? O golpe interrompeu um projeto?

Se você observar, a história do Brasil é uma história de exclusão. Nem Juscelino, muito menos Jânio, ninguém tinha um projeto de educação para o país mesmo. Do meu ponto de vista, o que a ditadura fez não foi destruir um projeto em andamento, mas o que tinha de educação pública. As pessoas dizem que antigamente a educação pública era boa, hoje é uma porcaria. Mentira. Era excelente para meia dúzia de pessoas. Eu garanto pra você. Em Cataguases, uma cidade pequena, quem tinha acesso à educação era a elite. A classe média baixa não tinha acesso sequer à educação, tanto que o nível de analfabetismo era altíssimo. É uma conversa fiada que não dá para admitir. Então, o que a ditadura fez foi pegar esse restinho de educação e também destruir isso. A ditadura militar de 1964 não é um evento isolado na história do país. A história política do Brasil é uma história de golpes militares. Esses 29 anos de democracia que estamos agora, que não é nada, é o maior período de democracia de toda a história do Brasil.

Os meus personagens, não são contra o sistema. Eles querem comer bem, ter carro, boa educação. Para mim, isso é mais revolucionário do que qualquer outra coisa

Com todas as dificuldades, e independentemente de partido, o país melhorou nos últimos anos?

Não tenho a menor dúvida. O Brasil de hoje, com todos os problemas e impasses, é muito melhor do que o do passado. Basta ver os índices de analfabetismo, mortalidade infantil, expectativa de vida, renda familiar, que são dados objetivos, e os comportamentais, como divórcio, assistência jurídica à mulher e as crianças etc. Bastaria, no entanto, pensar que vivemos hoje há 29 anos sob uma democracia. Frágil, é verdade, e incompleta, mas democracia. É um período pequeno, mas é o mais extenso de toda a história brasileira.

Com tantos problemas no país, por onde começar?

Antigamente eu achava que eram várias frentes. Hoje eu acho que é uma frente só, a educação. Saúde, por exemplo, é uma questão que se você quiser resolve em cinco anos. É uma questão de querer. Educação, não. Se você começar hoje, vai ver daqui a 20, 30 anos. Violência, por exemplo, é também questão de uma ação. Ou seja, são questões pontuais, que se resolvem de algumas maneira com ações muito efetivas. Educação é a longo prazo. Mas tem de começar. Eu abriria mão até de qualquer outra coisa, de uma reforma no sentido de ampliar a renda… Nem precisa. Vamos ter educação. Educar é você ter contato, experimentar. Tem uma frase de um escritor (sérvio) chamado Danilo Kis que eu acho fantástica. Ele fala assim: quem lê vários livros, busca o conhecimento, quem lê só um livro busca a ignorância. Isso serve para tudo. Se você ouve uma música, está na ignorância. Se ouve outras, está pelo menos tentando conhecer.

Aquele seu famoso discurso na Feira de Frankfurt (em 2013, com críticas ao Brasil), você acha que entenderam mal, entenderam errado, foi politizado indevidamente…?

O discurso de Frankfurt devo muito a duas coisas diferentes. O organizador disse que não se surpreendeu porque leu os meus livros. Ele estava dizendo: vocês se surpreenderam porque não leram os livros (risos). E devo mesmo ao Antônio Martinelli, que foi o curador da Feira de Frankfurt, e me bancou, e ao Manuel da Costa Pinto, que também me bancou, como curador junto com o Antônio. Eles, que são da minha geração – o Antônio é até mais novo que eu – eles, sim, compreenderam perfeitamente. Eles sabiam do discurso e em momento algum pediram que eu amenizasse.

Como foi o processo de criação do livro Eles eram muitos cavalos, de imersão nas histórias de personagens tão diversos?

Parece conversa de mineiro, tudo tem de ter uma história… Minha mãe falava do meu pai: “Eu não aguento, ele dá umas voltas…” (risos). Mas ele amarrava bem. Então, vou retomar um pouco o que estávamos falando, de escrever sobre esse mundo operário, esse mundo do trabalho. Quando eu estava na faculdade, comecei a ler e achei estranhíssimo que não houvesse literatura a respeito. Eu queria muito escrever sobre isso e não sabia como. Não é que eu tentava e não dava certo. Eu nunca escrevia. Faltava uma forma para escrever. Eu achava absurdo escrever sobre esse mundo, sobre essas pessoas que eu conhecia, usando aquela fórmula de começo, meio e fim, uma invenção da burguesia, pra criar identidades mesmo. Só que os meus personagens não tinham nome e sobrenome. Eu tinha de fazer um exercício formal para entender como é que eu escreveria sobre esse mundo. Um dia estava saindo de uma bienal de artes plásticas e vi uma exposição que era na verdade um monte de calçados amontoa­dos num canto. Tudo usado, sapato, tênis, chinelo de dedos.

Uma instalação…

Era uma instalação estranhíssima. Acho que fiquei tanto tempo lá pensando que o meu cérebro disse “vou dar uma explicação pra você ir embora”. A explicação que eu tive naquele momento, que até hoje eu acho melhor pra mim, é que aqueles calçados todos tinham sido usados por alguém. E, portanto, alguém tinha imprimido uma história neles.

Uns tinham andado de avião, outros na periferia da cidade, nos shoppings, cada calçado representava uma história. Quando saí dali, tive esse insight. Não tenho de escrever uma história, eu só tenho de expor, e as pessoas que criem as histórias. Então fui fazer um exercício. Sentei e escrevi Eles eram muitos cavalos. Foi um exercício para entender isso: como eu posso escrever uma história que não tem história, que o leitor é que é importante?

O livro acabou tendo uma repercussão, e eu pensei: é exatamente o que eu preciso, escrever as histórias que eu queria, usando essa forma. E quatro anos depois comecei a publicar o Inferno Provisório. A ideia estruturalmente é a mesma. As histórias não têm uma sequência lógica… Eu me empenhei muito mais no Inferno Provisório do que no Eles eram muitos cavalos. São mil páginas, um monte de personagens, e teve pouca repercussão. Foi um pouco frustrante.

A história vai e volta, né? São vários tempos ali, é um tipo de construção difícil.

Esses anos todos que eu passei tentando entender o “como”… Para mim, tinha uma questão muito séria, que era romper o romance burguês, de começo, meio e fim. Tinha uma questão que me incomodava: todas as poucas vezes em que na literatura brasileira alguém – tirando Roniwalter Jatobá – tentava construir personagens trabalhadores, ele incorria em dois erros. Para mim, erros crassos. Primeiro, era linguagem. Porque é um personagem pobre e você tem de construir romances naturalistas. Porque uma pessoa pobre só pode desenvolver uma história pobre, do ponto de vista formal. Então, por exemplo, vou pegar um Jorge Amado, que fez algumas coisas, incursionou mais. Os romances dele são escritos de uma maneira naturalista, ou seja, linguagem pobre, os personagens têm psicologia pobre. Tudo simples. É demagogo. É como se você pensasse o seguinte: um leitor qualificado pode ler o Joyce, um leitor desqualificado não pode, não vai entender. Então, você tem de rebaixar a linguagem, rebaixar a psicologia. E eu acho isso um absurdo. Desse ponto de vista, gosto muito do Oswald de Andrade, que era um fanfarrão, mas era um cara sério. Ele entrou para o Partido Comunista e o pessoal começou a pressionar para escrever uns livros mais “fáceis”, e ele escreveu, e eu acho genial: o meu sonho é que um dia todas as pessoas vão poder usufruir do biscoito fino que eu produzo. E não o contrário. Aquela coisa do funk. Não. Vamos dar biscoito fino. As pessoas gostam de comer bem.

E o outro erro…

E a outra coisa era sempre, quando aparecia um personagem trabalhador, era um revolucionário.

A história do Brasil é de exclusão.
O que a ditadura fez não foi destruir um projeto em andamento, mas o que tinha de educação pública. As pessoas dizem que antigamente a educação pública era boa. Era para meia dúzia de pessoas

Idealização?
Completa. Os meus personagens, por exemplo, não são contra o sistema. Eles querem comer bem, querem ter carro, boa educação, como todo mundo, ter geladeira, casa, água encanada. Para mim, isso é mais revolucionário do que qualquer outra coisa. É o cara que quer mudar o mundo para usufruir das coisas que todo mundo usufrui.

As pessoas não querem mudar o mundo, querem mudar o seu mundo?
Não, mas veja bem, não é uma coisa individualista, aí é que está. Vamos imaginar o seguinte. Para mim, tudo se passa no âmbito do acesso. Você tem uma família de cinco irmãos. Se você dá a eles acesso às mesmíssimas coisas, o que vai acontecer? Todos vão ser os mesmos? Não. Vamos criá-los dando funk, música clássica, música popular brasileira, rock e jazz. Isso significa que todos vão gostar de tudo? Não. Mas eles todos tiveram acesso e, portanto, podem escolher. Por isso eu acho que não é uma questão individualista nesse sentido. Para mim, revolucionário é o cara que luta para que todos saiam do mesmo lugar.

Condições iguais.
É o mínimo. Educação igual pra todo mundo, boa educação, mesmo. O moleque que mora lá no Morro do Alemão e o cara de Perdizes. Isso tem a ver também com o que você quer da sua vida.

Falando em acesso, para quem ainda não descobriu o prazer da literatura, quais livros você recomendaria?

Vou te responder de uma maneira completamente enviesada. Ontem, na minha crônica do El País, contei como eu descobri a literatura. Aí você vai ver que não há uma resposta para isso…. E tinha lá o Colégio Cataguases, que era da elite. Um dia, eu estava vendendo pipoca, chegou um senhor e perguntou: você está estudando, menino? Onde você estuda? No Antônio Amaro. É muito ruim! Por que você não estuda no Colégio Cataguases? Meu pai falou, eu vou todo ano lá e não consigo vaga. Fala comigo, eu consigo uma vaga pro seu filho. E no ano seguinte, meu pai foi lá pedir uma vaga para ele, que era o diretor da escola. Fui estudar lá. Aí o que aconteceu? Eu entrava na sala de aula e todas as crianças sabiam que eu era pobre. Todas. E eu era discriminado dentro da sala de aula. E aí eu não tinha coragem de chegar para o meu pai que estava sofrendo, custou tanto para arrumar uma vaga pra mim… Aí o que eu fiz? Comecei a querer ficar invisível. Mas como isso não era possível, eu comecei a procurar dentro da escola um lugar em que ninguém me visse. Descobri um lugar fantástico, nunca ninguém entrava lá dentro, eu entrei e fiquei quietinho lá. Até que um dia a bibliotecária pensou: esse menino deve ser meio maluco, né? De repente, quer pegar um livro emprestado e está tímido, não tem coragem. Ela me chamou e falou: aí, pega esse livro e leva ele pra casa, fez minha ficha, lê e me devolve daqui a quatro dias. Peguei e levei pra casa. Quando cheguei, o meu pai, que era um homem muito severo, perguntou o que era aquilo. É um livro. Mas por que você trouxe pra casa, é seu? Não, a mulher da escola mandou eu trazer, ler e levar de volta. Então devolve que eu não quero nada dos outros aqui. Eu li, devolvi, já ia virando as costas, ela me deu outro. Cheguei em casa, de novo o meu pai perguntou. Mas você não leu, você não devolveu? Devolvi, mas ela me deu outro… Então lê e devolve, não é nosso! Li e pensei, agora acabou, né? Aquilo foi um inferno na minha vida, chegava, devolvia, meu pai ficava falando como eu levava aquelas coisas pra dentro de casa, que não era nosso. Bom. Eu li todos os livros que aquela mulher me mandou ler. Só que chegou o final do ano e eu saí do colégio, não tinha condições de ficar lá, falei pro meu pai que não queria, porque os meninos todos me enchiam o saco. Foi assim. Sabe qual foi o primeiro livro que ela me deu? O que vocês imaginam? Monteiro Lobato?

Com 12 anos, era o que tinha…

Muito bem, ela me deu um livro chamado Babi Iar, de um ucraniano chamado Anatoly Kuznetsov. Sabe sobre o que é esse livro? Sobre o massacre de 100 mil judeus em uma guerra mundial. Por que ela deu esse livro pra mim? Não sei, e ela também não deve saber. Era uma pessoa que estava lá por acaso, me deu o primeiro livro que encontrou. Passei mal lendo. Então, você quer que eu recomende uma coisa pros seus leitores? (gargalhadas) Então, esse artigo chama-se Minha Primeira Vez, e todo mundo fica pensando que é sacanagem. Como não escrevi o nome do livro, muita gente perguntou, aí… que vai sair na semana que vem, chamado Cataguases Ucrânia. A minha Cataguases estava na Ucrânia.

Você falou que em Cataguases era tudo estanque: proletariado, burguesia, lúmpen, classe média. Por que o mundo do trabalho não apareceu na literatura?

O primeiro ponto de explicação é que realmente, as artes, em geral, e a literatura, particularmente, se constroem a partir de sua experiência pessoal. E não é muito comum autores nascidos do trabalho pensado dessa maneira mais operária terem a sofisticação da linguagem para escrever literatura. Tem de ter, não adianta, a literatura é linguagem. Agora, mesmo os poucos autores que nasceram de famílias pobres, de alguma maneira ligados ao trabalho, que conseguiram ser escritores, também não escreveram sobre o mundo do trabalho por uma razão muito simples: nós, no Brasil, temos um profundo desprezo pelo trabalho. Esse desprezo acaba contaminando o trabalho nas artes, por exemplo.

Quando eu estava na faculdade, comecei a ler e achei estranhíssimo que não houvesse literatura a respeito do mundo do trabalho. Eu queria muito escrever sobre isso e não sabia como

E o novo livro?

Vai ter uma reedição do De Mim Já Nem se Lembra, junto com o romance novo, que vai se chamar Flores Artificiais. Vou tentar explicar…

Tem um consultor do Banco Mundial que trabalhava há 25 anos fazendo consultoria para diversas coisas, na área de engenharia. Na passagem de 1999 para 2000, ele tem um apartamento ali na rua Paissandu, no Flamengo, e se vê sozinho, sem amigos. Já tem 60 e poucos anos. Entra numa depressão e vai procurar uma psiquiatra. Ele mora em Washington, fica meses sem voltar pra lá. Ela dá alta, mas eles continuam conversando. E as histórias que ele conta pra ela não são da vida dele, mas de gente que ele conheceu durante as viagens que fez. E sempre são pessoas que estão deslocadas. Por exemplo, um menina portuguesa no Timor Leste que começou a ter problemas por ser muito bonita. Acaba conhecendo aqueles crocodilos de água salgada, uns bichos de sete metros, e ela se joga no mar para eles a comerem. Quem está contando isso pra ele é um timorense. Tem uma outra um uruguaio que conta pra ele que o pai sumiu durante a ditadura, e ele sempre dizia que o pai tinha sumido por problemas políticos. E um dia descobre que ele tinha vindo morar em São Paulo, e que na verdade fugiu por causa de um mulher e o largou quando ele era criança.

Tudo isso pra contar o seguinte: esse consultor, o Dório Finetto, é de Rodeiro, que é a colônia da minha mãe, e ele nunca tinha lido os meus livros. Falam pra ele mandar as histórias pro Luiz Ruffato. Aí eu li as histórias, achei muito ruins, e as reescrevo. O livro dele chama Histórias da Vida Alheia, e está dentro de Flores Artificiais. Mas é tudo mentira. No final eu faço uma pequena biografia dele. Mas eu criei de brincadeira.

A Biblioteca que Virou Pó (crônica no El País sobre um local que deixou de funcionar por pressão de traficantes) é verdade?

Essa é verdade, é real (risos).