O marketing versus Pinochet, o olhar de Salgado e mais dicas

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Sebastião Salgado/Amazonas Images

Região da Bacia do Xingu (MT), pesca na lagoa Pyulaga

A gênese de Salgado

Depois de passar oito anos longe das galerias, o fotojornalista Sebastião Salgado lançou em abril, no Museu de História Natural de Londres, seu mais novo projeto. A exposição Genesis traz 250 fotos que estão em seu livro homônimo. Foram oito anos de trabalho e viagens a 32 países para registrar lugares e comunidades que escaparam às “marcas da sociedade moderna”. Montanhas, desertos, oceanos, animais e povos são capturados em preto e branco (marca registrada do fotógrafo) com o intuito de apresentar a condição humana nas regiões extremas do planeta e promover discussões sobre a importância de preservar esses habitat.

O projeto, financiado pela Unesco ao custo de € 1 milhão, também será tema de um documentário feito pelo cineasta alemão Wim Wenders, com colaboração do filho do fotógrafo, Juliano Salgado. A exposição chega em 28 de maio ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde fica até 25 de agosto. Passa por Toronto (Canadá), Roma (Itália), Lausanne (Suíça) e Paris (França) e no dia 9 de setembro vai a São Paulo, no Sesc Belenzinho. Para quem não conseguir ver as mostras e não puder comprar o livro (que custa de R$ 139 a R$ 199, da editora Taschen), algumas fotos do projeto podem ser conferidas no site www.amazonasimages.com/grands-travaux.

Jornalismo e literatura

Vinte reportagens do jornalista Ivan Marsiglia compõem o livro A Poeira dos Outros (Arquipélago Editorial, 168 pág.), com histórias obscuras e (às vezes) pitorescas do passado e do presente do Brasil. Os textos – sempre elegantes – tratam de temas variados: o perfil do juiz que condenou o Estado pela morte do jornalista Vladimir Herzog em plena ditadura militar; uma madrugada de sábado em um pronto-socorro na periferia de São Paulo; a história de uma onça que apareceu na beira de uma rodovia (reconstituída sob o ponto de vista do animal); e a trajetória da Casa da Morte, usada como centro de tortura na época da repressão, comprada por uma família na década de 1970 e desapropriada para possível transformação em museu. R$ 32 no site www.arquipelagoeditorial.com.br.

Cantadores da cidade

Música paulistana com sotaque e poesia nordestinos. É assim que Vavá Rodrigues e o Pessoal da Banda definem o som que fazem e trazem em seu segundo disco, For All. Com 12 músicas mais uma faixa bônus, o álbum apresenta uma combinação interessante de ritmos: rock, blues e reggae encaixam-se harmoniosamente com xote, xaxado e maracatu. Na faixa-título, o baião-pop tem um rap conduzido por alfaias de maracatu com elementos de música eletrônica e finalizado com black music. Em Aboio Blues, a banda contrasta a aridez do sertão com a da solidão das cidades. Tem também releitura de Qui nem Jiló (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) e de Born to Be Wild (de Steppenwolf). Preço sob consulta.

História de candangos

O documentário Conterrâneos Velhos de Guerra, de Vladimir Carvalho, mostra a construção de Brasília a partir das condições de trabalho dos cerca de 50 mil candangos, os operários emigrados das mais diversas regiões do país para erguer a capital nacional. Carvalho levou 20 anos para concluir o longa-metragem. Teve dificuldade em reunir depoimentos porque ninguém queria falar do massacre dos trabalhadores no começo da década de 1970. “Só se falava disso à boca miúda. Entre 1988 e 1989 algumas pessoas começaram a concordar em ser entrevistadas”, diz o diretor. O filme, até então disponível apenas em VHS, foi lançado em DVD em abril pelo Instituto Moreira Salles.

Viva o marketing, abaixo a ditadura

Em 1988, o governo chileno, comandado pelo general Augusto Pinochet desde 1973, cedeu a pressões internacionais e convocou um plebiscito no qual a população decidiria entre sua permanência no poder ou a convocação de eleições. No filme No (adaptado da peça teatral El Plebiscito), o diretor Pablo Larraín viaja entre o real e o imaginado ao mostrar os bastidores da campanha de marketing do referendo, executada por René Saavedra (Gael García Bernal). Em meio a roteiros em que a crise social, a violência do regime e o drama das vítimas da repressão são coadjuvantes, contracenando com anseios individuais típicos das propagandas comerciais convencionais, o marqueteiro da campanha pelo Não traz uma linguagem inovadora que fez escola. A fotografia granulada é semelhante às dos comerciais originais, dando ao filme atmosfera de documentário. Em DVD.

Explorar e aprender

Desde que o homem é homem ele está sempre em busca de novas terras para conhecer e explorar. OLivro dos Maiores Exploradores de Todos os Tempos (Companhia das Letrinhas, 64 pág.), de Peter Chrisp, com ilustrações de Lisa Swerling e Ralph Lazar, faz um passeio pela história das explorações, seja na caverna do vizinho, na Pré-História, nas maravilhas encontradas por Marco Polo no Oriente ou ainda na chegada do homem à Lua, no final da década de 1960. As crianças vão aprender muita coisa sobre os primeiros viajantes: que lendas amedrontavam os antigos navegadores, como eram as embarcações, quem eram os vikings e muitas incríveis jornadas ao redor do mundo. R$ 46.