Retrato

Sementes transformadoras

gerardo lazzari Na toada de quem não se cansa de clamar por dias melhores, Maria da Conceição dos Santos, 43 anos, participa da seção paulistana do Grito dos Excluídos. “Penso […]

gerardo lazzari

Na toada de quem não se cansa de clamar por dias melhores, Maria da Conceição dos Santos, 43 anos, participa da seção paulistana do Grito dos Excluídos. “Penso em um mundo melhor para meus filhos e minha comunidade, com saúde, emprego, educação”, disse a migrante pernambucana, dona das alegrias e das tristezas de quem saiu há 14 anos da terra natal em busca de oportunidades. Ela divide o tempo entre os afazeres de casa, o trabalho no negócio familiar de manutenção de máquinas empilhadeiras e as atividades da Pastoral da Criança, na comunidade Girassol, em Perus, extremo noroeste do mapa da  capital. “Quem se cala fica sem vez e sem lugar. Nosso grito faz a diferença”, ensina.

A voz de Maria da Conceição juntou-se à de centenas de pessoas de seu bairro, que caminharam por três dias com destino ao Museu do Ipiranga. Na foto, de 6 de setembro, ela está no Pátio do Colégio, centro de São Paulo. No dia seguinte, o grupo encontraria, no Ipiranga, sudeste, outros 10 mil ativistas do Grito dos Excluídos, realizado todo 7 de setembro. Neste ano, a 12ª edição do Grito – sob o lema Brasil, na força da indignação, sementes de transformação – envolveu 300 mil pessoas de mil cidades, de todas as regiões do país. Elas bradam contra a exclusão social, por mudanças na política econômica, pela democracia participativa e pela autonomia dos movimentos sociais.