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Presente solidário: opção para o Natal

Presentes politicamente corretos não são exclusividade de circuitos de compras alternativas. Em grandes redes já é possível encontrar produtos do comércio solidário

jailton garcia

Douglas, Cristian e Fábio, da Oficina 22, que fabrica objetos de madeira usando a técnica de marchetaria

O comércio solidário é aquele cuja produção envolve práticas ambientais sustentáveis e proporciona renda para comunidades excluídas da economia formal: artesãos, pessoas com deficiência, jovens em situação de risco, populações indígenas ou quilombolas, pequenos produtores que trabalham sozinhos, em cooperativas ou entidades sociais. Seus produtos são vendidos diretamente ao consumidor ou comprados por lojas que garantem um pagamento justo pelo trabalho. Quem produz é beneficiado pelo maior acesso ao mercado, pela valorização da identidade cultural e da mão-de-obra. E quem compra tem a certeza da transparência de preços e do respeito aos trabalhadores e ao meio ambiente.

Quando o assunto é presentear alguém, as filhas de Marina Soares já sabem: “Biojóia para as amigas, professoras, vizinhas, todo mundo leva”. Marina, de 38 anos, é uma das artesãs da Cooperativa Açaí, que reúne 60 pessoas de baixa renda de Porto Velho, em Rondônia. Confeccionam colares, pulseiras e brincos a partir de sementes da Amazônia. Um de seus fundadores, o ex-presidiário Ronaldo Farias, conta que só conseguiu se reinserir na sociedade com o trabalho da cooperativa. “Quando saí da prisão tive a necessidade de ganhar honestamente. Foi muito difícil, mas fiz cursos de artesanato e com a criação da cooperativa as portas se abriram.”

Depois de ter sua vida transformada, Ronaldo está mudando a de outras pessoas. O quintal de sua casa virou um galpão onde trabalham seus filhos e jovens carentes. Todos os aprendizes são assalariados, e têm obrigação de estudar e passar de ano. “A gente abre o leque para os jovens, mostra que as mesmas sementes que eles vêem nas ruas podem ser o trabalho deles.” Além de servir para fazer a biojóia, as sementes vão para a outra ponta do país servir de acessórios em roupas fabricadas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Na hora de escolher um presente, é possível comprar uma boneca de barro que incentiva a arte popular, um tapete que assegura a sobrevivência de mulheres da zona rural de Minas Gerais, objetos fabricados por pessoas com deficiência mental em São Paulo, produtos feitos de fibra de banana que garantem a preservação do meio ambiente no litoral do Paraná ou um vestido agroecológico que gera renda para 400 famílias pobres de norte a sul do país.

Pode-se proporcionar renda para cooperativas e organizações que permitem que pessoas como o ex-presidiário Ronaldo consigam uma nova atividade de reintegração na sociedade ou dar trabalho e renda a jovens pobres sem perspectivas de futuro. Portanto, sua decisão faz a diferença para que o Natal seja solidário também na hora das compras.