Editorial

O negócio é o seguinte

Lalo de almeida/Folha imagem Oportunismo empresarial: Embraer, que usa recursos do BNDES, demite 4.200 trabalhadores Para melhor entender o momento econômico é necessário separar a política da economia – política, […]

Lalo de almeida/Folha imagem

Oportunismo empresarial: Embraer, que usa recursos do BNDES, demite 4.200 trabalhadores

Para melhor entender o momento econômico é necessário separar a política da economia – política, aqui, não no sentido do exercício cotidiano da cidadania, mas a disputa partidária com vistas a 2010. A oposição ao governo Lula caminha no “quanto pior, melhor”, tenta disseminar o pânico, derrubar a autoestima dos brasileiros. Nunca se viu uma imprensa transigir tanto em princípios para manipular seus consumidores. O debate sobre o oportunismo empresarial das demissões só ganhou algum espaço na opinião pública, os que consomem a mídia, graças ao barulho do movimento sindical e dos movimentos de esquerda e sua fiscalização sobre empresas que lucraram muito nos últimos anos e agora demitem, ou sobre aquelas que usufruem crédito barato sem responsabilidade social. Antes todas as instâncias de governo faturavam com o crescimento. Agora, todo o noticiário é voltado para fazer da crise o monstro que vai decidir 2010.

Notam-se no cenário do ciclo adverso atores com papéis bem distintos. Há os sindicatos e empresários, que negociam para discutir a real situação e buscar saídas que não prejudiquem os empregos; há os empresários que adotam unilateralmente medidas drásticas para se antecipar a um pior momento que talvez nem chegue; e há os oportunistas a se municiar do terror com interesse estratégico de reduzir direitos trabalhistas. Há administradores públicos e organismos da sociedade que exercitam a leitura o mais fiel possível da realidade para buscar remédios na dose exata, em âmbito local, regional e nacional; e há os que só entram em cena para cobrar a fatura do governo federal, enquanto reservam gordos orçamentos para ações que lhes deem visibilidade e viabilidade eleitoral. Há uns poucos meios de informação independentes em busca da análise, da compreensão dos fatos e de propostas para um novo mundo pós-crise. E há uma legião de supereditores ávidos por testar seu poder de derrubar o índice de aprovação do presidente que tanto os desmoraliza. Olhe à sua volta, repare como as informações chegam até você e confira: estamos exagerando?

O risco da desinformação é revitalizar o conservadorismo e o fascismo – tão em baixa na América, mas em alta em alguns países da Europa. E perder a oportunidade de sair dessa zona de turbulências com as bases para uma nova ordem econômica, na direção de uma sociedade mais humana – que tenha vergonha de concentrar no bolso de uns poucos magnatas falidos recursos que poderiam, com sobras, eliminar a miséria do mundo.