Resumo

O avião que não caiu…

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Ohi

Por minutos que pareceram eternos, em 20 de maio, a cidade de São Paulo sentiu novamente o pânico de acompanhar um acidente aéreo no meio da metrópole, com a notícia de um avião que havia caído na zona sul. A TV deu, a internet repetiu. Só que não havia caído avião algum. Algumas checagens e muitas reclamações depois, descobriu-se que o acidente aéreo era, na verdade, um incêndio em uma fábrica de colchões.

… e o crime que não houve

“Perua escolar carregava as crianças para a orgia”, foi uma manchete usada na extinta Folha da Tarde, hoje jornal Agora, editado pelo grupo Folha, para se referir ao episódio da Escola Base, em 1994. A Justiça entendeu que o jornal foi sensacionalista e não se preocupou com o efeito da notícia para o menino R.F.N., de 4 anos. O garoto, hoje com 18, é filho de um dos casais acusados de praticar abusos sexuais na escola paulista que dá nome a um caso histórico que virou símbolo de mau jornalismo. O grupo foi condenado a indenizá-lo em R$ 200 mil. Outras empresas já tiveram condenações, como Folha e Estadão (R$ 750 mil), Globo (R$ 1,35 milhão) e IstoÉ (R$ 360 mil). Em todos os casos ainda cabem recursos.

A vida em julgamento

Em votação apertada e com direito a bate-boca entre ministros, o Supremo Tribunal Federal considerou constitucional o artigo 5º da Lei de Biossegurança. No entendimento da maioria, o uso de células-tronco embrionárias para pesquisas científicas não viola o direito à vida nem a dignidade da pessoa humana. E a polêmica deve continuar. Alguns juízes sugeriram que o STF declarasse a necessidade de fiscalização por parte da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. A geneticista Mayana Zats, da Universidade de São Paulo, disse considerar importante para a ciência e para a população a avaliação de projetos por parte de comitês de pesquisa. O texto da lei condiciona que os embriões sejam “inviáveis ou congelados há três anos ou mais” e proíbe a comercialização de material biológico.

A barriga do Eurico

A Justiça havia anulado a eleição de Eurico Miranda para o comando do Vasco da Gama, em decisão de primeira instância, em março de 2007. No processo a oposição, liderada pelo ex-jogador Roberto Dinamite, aponta a prática de fraudes no pleito, ocorrido no final de 2006. Eurico recorreu e não saiu. Nem deixou Edmundo sair. No final de maio, depois de perder mais um pênalti decisivo e anunciar aposentadoria, o cartola demoveu o atleta da idéia. Nessa parada, ganhou até apoio de um ilustre oposicionista: o jornalista Sérgio Cabral, pai do governador. Quanto ao processo, terá de arranjar outro jeito de empurrá-lo com a barriga – e se virar com a oposição. No último dia 2 de junho, a Justiça deu prazo de 30 dias para o clube realizar outra eleição.

Livros em baixa

Pesquisa feita pelo Ibope a pedido do Instituto Pró-Livro mostrou que o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. Ficou menos mal para as mulheres, que ganham dos homens por 5,3 a 4,1. A maior parte dessa leitura refere-se a livros indicados pela escola – quem não está mais lá “consome” apenas 1,3 livro por ano.

Plunct, plact, zum

Carlos Minc tomou posse no Ministério do Meio Ambiente citando Raul Seixas. “Não serei o carimbador maluco”, afirmou, ao tentar explicar que será rigoroso, porém ágil (ou ágil, porém rigoroso), nas concessões de licenças ambientais. Antes mesmo de assumir, abriu polêmica com o governador Blairo Maggi (MT) ao defender informações sobre desmatamento da Amazônia divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Blaggi, magnata da soja, chiou e tem, ainda, reclamado do veto à concessão de crédito para plantadores sem licença ambiental. O ministro Minc também não gostou da indicação do professor Roberto Mangabeira Unger, ministro de Assuntos Estratégicos, para comandar o Plano Amazônia Sustentável (PAS).

A mãozinha do Banco do Brasil

O interesse do Banco do Brasil pela Nossa Caixa deixou alvoroçados os bancos privados, que querem um leilão. Depois de acabar com o Banespa, o desejo tucano de se desfazer da Nossa Caixa já era antigo. O banco sofreu intervenção na era FHC/Covas e foi incluído por Geraldo Alckmin no programa de desestatização, mas apenas a privatização de uma subsidiária – de seguros – foi levada a cabo. O movimento sindical bancário obteve vitórias políticas e judiciais contra novas vendas de fatias do último banco público paulista, cuja gestão, agora sob o governo Serra, continuou dando sinais de sucateamento – espécie de aviso prévio de uma futura entrega ao “mercado”. A mãozinha do BB vem em boa hora para o governador, que quer ser presidente, pois pode livrá-lo do ônus de mais uma privatização. Segundo informações de bastidores, Serra ainda estaria cobrando de Brasília um acerto “casado”, envolvendo a Cesp e contratos de usinas geradoras de energia. Serra nega. Os sindicatos estão com um olho no gato outro no peixe. De um lado, a preo-cupação em preservar o papel do banco público. De outro, em preservar agências e empregos, uma vez que o BB não tem sido o que se pode chamar de patrão exemplar.