Resumo

Novos estudos sobre as eleições de 2006

O sociólogo e jornalista Venício A. de Lima, professor da Universidade de Brasília, é o organizador de uma série de análises em torno do comportamento dos meios de comunicação no […]

O sociólogo e jornalista Venício A. de Lima, professor da Universidade de Brasília, é o organizador de uma série de análises em torno do comportamento dos meios de comunicação no ano passado. Os estudos acabam de ser reunidos no livro A Mídia nas Eleições de 2006 (Editora Fundação Perseu Abramo), que traz textos de 15 jornalistas, intelectuais e pesquisadores como Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Marcos Coimbra, Renato Rovai, Sérgio Amadeu da Silveira e Bernardo Kucinski – que aliás faz uma análise do jornalismo em situações de desastre em artigo à página 26 desta edição.

Bioadversidades

Estudo do engenheiro de produção Paulo José Adissi, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), constata que a pressão pela produtividade dos cortadores de cana é assustadora. A média diária de corte por trabalhador dobrou de seis para 12 toneladas em São Paulo. “A cana está mais 20% leve. Então ele corta mais para atingir o mesmo peso. Para conseguir atingir o patamar de produção atual, foi preciso dobrar a quantidade de movimentos. E quem tem produtividade mais baixa não é mais contratado”, diz o pesquisador, cuja entrevista está na página da ONG Repórter Brasil – www.reporterbrasil.com.br. Para avaliar as condições de trabalho na produção dos biocombustíveis, foi criado por sugestão da CUT um grupo de trabalho específico para o tema dentro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

É melhor prevenir

O Brasil tem taxa anual de mortalidade no trabalho de 14,8 pessoas a cada 100 mil trabalhadores, bem mais que em alguns países desenvolvidos que estimulam a prevenção. Na Espanha, o índice é de 8,3; no Canadá, 7,2; na França, 4,4 por 100 mil. Os dados foram apresentados no Fórum Econômico Mundial de Davos e têm sido repetidos para estimular empresas a rever seus conceitos de segurança. A partir do ano que vem o Ministério da Previdência deve mudar as contribuições recolhidas conforme o grau de risco da atividade das empresas. Quem registrar menos ocorrências, terá alíquota da seguridade social sobre a folha de pagamentos reduzida. A idéia é cutucar as empresas a perceber que melhorar as condições de trabalho faz bem para a produtividade.

Pé quente

Fabiana Murer atingiu os 4,60 metros no salto em altura e ficou com o ouro. A pretendida marca – recorde pan-americano – havia sido informada pela atleta à Revista do Brasil, durante sua participação no troféu de atletismo em São Paulo, e publicada na seção “Retrato” da edição de julho. As moças que fizeram o público lotar o Maracanã também sambaram no topo do pódio. “Favoritas anônimas do Pan”, foi o título da reportagem da edição de maio, abordando as chances da seleção feminina de futebol vencer em casa. Apesar da situação de penúria das atletas e do abandono da modalidade pelos clubes e cartolas, o futebol arte não morreu.

Vigília e urubus

Quieto demais nas últimas semanas, especialmente as que se seguiram ao acidente da TAM, Lula parece deixar o calor dos debates para a platéia. Percebeu, pelo comportamento da mídia de sempre que chafurdou nos escombros da tragédia, que o sonho golpista iniciado em 2005 não acabou, e acautela-se excessivamente diante dos próximos lances do xadrez político. Os grã-finos não dormem enquanto não confiarem que Lula não faça seu sucessor em 2010. Em jogo, não está um mero resultado eleitoral, mas a devolução do país à rota em que se tentou metê-lo na década passada.

Movimento pensado

A escolha de Nelson Jobim para o lugar do sério, íntegro e injustiçado Waldir Pires não foi ponto sem nó. Mais que renovação no comando do setor aéreo, Lula viu no peemedebista eclético uma forma de injetar vigor na base aliada em tempos de gelatinização do poder de Renan Calheiros. A orquestra logo deu sinais de alguma afinação. Antes de pôr a PF para patrulhar as barbeiragens das companhias aéreas contra os consumidores – o que a mídia chamou de passar por cima da Anac –, o ministro da Justiça, Tarso Genro, consultou Jobim, seu adversário na política gaúcha, e hoje companheiro, que assinou embaixo.

Aspirinas e urubus

O acidente com o Airbus da TAM, no dia 17 de julho, proporcionou muitas peças para a antologia dos golpes da imprensa destinados a produzir mais dores de cabeça ao governo. Entre eles está o texto do psicanalista Francisco Daudt com chamada de capa na Folha – “Governo assassina mais de 200 pessoas” – dois dias depois do acidente e muitas semanas antes dos laudos conclusivos. A tentativa de assassinato parece ter sido persistente, uma vez que a TAM já havia aterrissado duas vezes sua aeronave A320, no dia do acidente, uma delas com o triplo de água caindo dos céus de Congonhas sobre a sua pista principal. Em nenhuma delas com registro de reclamações ou temores, nem com relação à capacidade de aderência da pista escorregadia, nem a problemas mecânicos.