Carta ao Leitor

Distribuir renda, a missão

Leonardo Severo/CUT Redução de jornada e justiça tributária unem líderes de todas as centrais sindicais Mal começou o ano e as seis centrais sindicais acertaram o passo. Resolveram entrar no […]

Leonardo Severo/CUT

Redução de jornada e justiça tributária unem líderes de todas as centrais sindicais

Mal começou o ano e as seis centrais sindicais acertaram o passo. Resolveram entrar no meio da briga entre empresários, oposição e governo federal sobre quem vai pagar a conta do fim da CPMF. Ainda em janeiro, conseguiram firmar posição unitária, o que é pouco comum ante as eternas diferenças entre as siglas. O primeiro recado foi para o governo: tire o olho do bolso dos trabalhadores. As centrais farão barulho se alterações tributárias em substituição à CPMF tirarem recursos de programas sociais. Não admitem descumprimento do acordo que corrigiu a tabela do Imposto de Renda e construiu, a duras penas e contra a vontade do então ministro Palocci, um plano de valorização do salário mínimo. E exigem que os investimentos obrigatórios em saúde pública que a CPMF cobria sejam mantidos. Por fim, nada de mexer nos direitos dos trabalhadores do serviço público, inclusive o direito constitucional de ter seu poder aquisitivo protegido contra a corrosão da inflação, qualquer que seja. E disseram para o governo de onde começar a tirar dinheiro: reduza a meta do superávit primário e os juros.

Para os empresários, combatentes da redução da arrecadação que ainda não baixaram os preços que a CPMF “onerava”, e para as elites econômicas, outro recado. As centrais pedem a taxação das grandes fortunas, das heranças, das movimentações financeiras estrangeiras na Bolsa de Valores. Enfim, que os ricos e o capital participem com mais boa vontade de uma conta que muito sobrecarrega os pobres e a renda do trabalho.

Outro bom fruto do esforço unitário das centrais é o lançamento de uma campanha para colher 1 milhão de assinaturas para uma proposta de emenda constitucional que regulamente a jornada de trabalho em no máximo 40 horas semanais sem redução de salário. Para as centrais, o Brasil está mais rico – são 164 novos milionários por mês – e gerando mais emprego formal. Pode acelerar o processo de redistribuição de renda e de redução das desigualdades sociais. O Brasil passa por grandes inovações tecnológicas e científicas, cujos ganhos de produtividade não são redistribuídos. As centrais enxergam na redução da jornada de trabalho um caminho para gerar outros milhões de empregos. A coleta de assinaturas começa em fevereiro e vai turbinar 1º de maio.