esporte

Concentração e diversão

Na ponta do barbante, ora esticado, ora enrolado, o ioiô 
mantém a mente concentrada, desenvolve a coordenação motora e reúne uma fiel legião de praticantes

Geraldo Lazzari

Rafael: “O Brasil é uma revelação também neste esporte”

Eles não formam uma tribo. Nada de roupa igual, nenhum jeitão específico. Podem ser vistos como qualquer jovem entre 15 e 25 anos. Mas ganham identidade como grupo quando sacam o ioiô do bolso e estraçalham em manobras indescritíveis. Um jogador norte-americano começou a contar todas as que sabia fazer, mas desistiu quando passou de mil jogadas diferentes. O campeão brasileiro Rafael Matsunaga, programador de 33 anos, nunca se deu a esse trabalho. “A criatividade e a liberdade são enormes. Não faço ideia de quanto é possível inventar”, disse.

Eles formam um pequeno grupo. Em todo o país, devem chegar a 2.000 praticantes. Tanto que, no último mês de maio, 30 jogadores, assistidos por cerca de 120 pessoas, realizaram o campeonato brasileiro da categoria, na cidade de São Paulo. Tinha participante do Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e do interior paulista. 
O carioca Ricardo Marechal e o mineiro Fernando William Ferreira da Silva venceram nas modalidades 1A e Open, respectivamente.

Os dois receberam troféu, medalha e uma vaga na prova mundial, que será realizada no segundo fim de semana de agosto em Orlando, nos Estados Unidos, com representantes de 20 países. Porém, Fernando não deve ir por falta de patrocínio.
Segundo Rafael, historicamente os japoneses saem vitoriosos da disputa: de seis modalidades existentes, abocanham no mínimo três. Os americanos são a segunda força. O Brasil é o terceiro colocado no ranking. O brasileiro foi o primeiro jogador não americano e não japonês a vencer a prova, em 2003. Ele se destacou pela invenção de manobras. Em 2004, ficou em 2º lugar, e pegou 4º lugar nos dois anos seguintes. De lá para cá tem atuado como juiz tanto nacional quanto internacional. Ele sentencia: “O Brasil é uma revelação também nesse esporte”.

As apresentações dos ioiozeiros revelam a interação do jogador com as manobras e a música escolhida. “Funciona como ginástica rítmica. A escolha do som é fundamental”, afirma Rafael. Não é regra, mas pode-se esperar que as performances tenham como fundo rock, punk rock, hip-hop e dance. Uma manobra pode ser muito rápida. Coisa de poucos segundos. “Mas a duração não importa, só o grau de dificuldade, originalidade e a performance”, explica o campeão.

Os competidores treinam em média  quatro horas diárias. Mas o bom de ser ioiozeiro é que não é necessário ter preparo físico. No entanto, há todo tipo de definição sobre a prática do ioiô. Alguns garantem ser um esporte completo por manter a mente em atividade constante e criativa, auxiliar na concentração e melhorar a coordenação motora.