Resumo

Alta infidelidade

fabio pozzebom/abr Os deputados mais volúveis chegaram a mudar de partido seis vezes Enquanto a reforma política não vem, o troca-troca partidário corre solto e o eleitorado fica sem saber […]

fabio pozzebom/abr

Os deputados mais volúveis chegaram a mudar de partido seis vezes

Enquanto a reforma política não vem, o troca-troca partidário corre solto e o eleitorado fica sem saber que apito toca o parlamentar que leva seu voto. Entre titulares e suplentes, 618 deputados federais exerceram mandato desde 2003 e um de cada três mudou de legenda. Foram 193 os saltitantes e 285 as trocas de partido. Os mais volúveis foram Zequinha Marinho e Alceste Almeida, ambos de Roraima, com seis mudanças cada um. Zequinha foi eleito pelo PDT e, reeleito, está no PSC. Alceste foi eleito pelo PL, terminou no PTB e está fora da Câmara – como, aliás, 110 dos 193 que mudaram de agremiação. Toda movimentação pode ser vista no www.congressoemfoco.com.br.

No Senado, foram 21 mudanças envolvendo 15 senadores. Embora o troca-troca na Casa tenha fortalecido a oposição, os casos mais inusitados estão na base governista. Leomar Quintanilha (TO), por exemplo, foi eleito pelo PFL em 2002, filiou-se ao PMDB e foi parar no PCdoB. Perdeu a disputa pelo governo de Tocantins, mas ainda tem quatro anos de mandato. Romero Jucá (RR), que foi vice-líder do governo FHC e reeleito pelo PSDB em 2002, passou para o PMDB em fevereiro de 2003 para fazer parte da base de apoio do governo Lula, do qual agora é líder. Não se elegeu governador em seu estado, mas tem mandato até 2010.

Bancada tucana é a mais cara

O PSDB foi o partido que mais gastou para eleger sua bancada de 66 deputados, com média de 811 mil reais por parlamentar, superando entre as maiores bancadas o PMDB (89 eleitos, 552 mil reais por cadeira), o PFL (65 deputados, 512 mil) e o PT (83 deputados, 179 mil reais por vaga). Para as eleições estaduais, os tucanos também lideraram. Nas contas dos dois principais rivais, o PT elegeu cinco governadores ao custo médio de 3,2 milhões por campanha. Para eleger seis, o PSDB gastou 10,7 milhões. As campeãs em doações foram as construtoras, que investiram 23,8 milhões de reais nas campanhas de 21 eleitos. Aécio Neves (PSDB-MG) liderou, com 4,3 milhões.

Entre o setor produtivo, o grupo Gerdau, cujo líder, o empresário Jorge Gerdau, vem sendo cotado para ocupar espaço importante no segundo mandato de Lula, doou 1,7 milhão de reais para sete candidatos vitoriosos, privilegiando os da oposição.

As campanhas para governador gastaram em média 7,6 milhões de reais por eleito. A mais modesta foi a de Jaques Wagner (PT-BA), 4,3 milhões e custo médio de 1 real por voto. A campanha proporcionalmente mais cara foi a de Marcelo Miranda (PMDB-TO), 20 reais por voto, com arrecadação de 6,9 milhões. Em volume de recursos, a eleição de José Serra (PSDB-SP) liderou, com 25,9 milhões de reais – pouco mais de 2 reais por voto.

Abaixo da meta

O saldo de empregos com carteira desde 2003 deve chegar a 4,65 milhões. A média de novas ocupações nos últimos quatro anos fica em 97 mil por mês, abaixo da meta superior a 100 mil pretendida pelo governo. A média é prejudicada pelo mau desempenho do primeiro ano, quando o saldo foi de 645 mil e a média mensal, 53 mil. Em 2004, a média chegou a 127 mil/mês. Em 2005 e 2006, a 104 mil. Os dados vêm do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De 1999 a 2002, a média foi de 37 mil vagas/mês.

Acima da meta

O governo conta com a aceleração do crescimento para ampliar a oferta de empregos formais e, paralelamente, fiscaliza. No ano passado, por exemplo, ações de fiscalização do Ministério do Trabalho alcançaram 233 mil empresas e recuperaram até novembro 32,8 bilhões de reais para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – a estimativa é fechar o ano com 36 bilhões. Em 2003, as ações de fiscalização arrecadaram 25 bilhões; em 2004, 28 bilhões, e em 2005, 32 bilhões.

Circuncisão X Aids

A circuncisão está longe de ser infalível contra a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis e não dispensa o uso da camisinha. Mas já é recomendada por cientistas americanos por comprovada capacidade de reduzir o risco de contágio – as células do prepúcio do pênis, eliminadas na circuncisão, são mais sensíveis à invasão do vírus.
É o que apontam dois estudos realizados por um organismo ligado ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA. Foram analisados 2.784 voluntários do Quênia não infectados e outros 4.966 em Uganda. Após dois anos de acompanhamento, de 69 homens que contraíram o vírus no Quênia, 22 eram circuncidados – ou seja, a circuncisão provocou redução de 53% nas infecções. Em Uganda, a redução foi de 48%.

Mulheres que trabalham: jornada continua em casa

Diferenças na família

O crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho parece ter mexido na estrutura das famílias brasileiras. A Síntese dos Indicadores Sociais divulgados no final do ano pelo IBGE indica que, em dez anos, o número de famílias chefiadas por mulheres cresceu 35%, passando de 22,9%, em 1995, para 30,6%, em 2005. Essa movimentação no mundo do trabalho aponta também para mudanças culturais e de papéis dentro de casa, refletindo uma expansão da idéia de chefia compartilhada do lar. Em 2005, a população economicamente ativa somava 96 milhões de pessoas, das quais 56,4% eram homens e 43,6%, mulheres. Uma década antes, estava em cerca de 60% e 40%, respectivamente.

Mesmo com a maior participação das mulheres no mercado de trabalho e as mudanças nos padrões familiares, elas ainda ganham (ou perdem?) de goleada quando o assunto é responsabilidade pelos afazeres domésticos. Entre as mulheres ocupadas, 92% declararam cuidar de afazeres domésticos. Em média, as mulheres pesquisadas pela Síntese dos Indicadores Sociais gastavam 25,2 horas semanais nessas atividades contra 9,8 horas dos homens.